sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra

Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,
Ao crepúsculo como num sonho, na estrada pouco deserta,
Ele guia. Guia quase devagar
Porque não paramos de nos atiçar um ao outro:
Mete-me a mão pelas pernas acima, desvia a cueca e mete os dedos
Que saem escorrentes.
Eu palpo-lhe o pau duro, aperto-o até o sentir palpitar levemente.
Parece-me que vamos parar para uma rapidinha, mas a estrada segue
Sem saídas propícias para aliviar cios.
Forço-me para que me pareça que sigo por outra estrada,
Com menos carros, com outro carro,
Mais adaptado a entrar pela mata fora,
Antes que passe a tusa.
Assim, mais parece que nem me vim em Lisboa
Nem me vou vir em Sintra
Nem pelo caminho.

Vamos passar a noite a Sintra por não podermos passá-la em Lisboa,
Que lá está o outro de quem não me consigo livrar.
Mas, se assim continuarmos quando chegar a Sintra,
Terei pena de não ter ficado em Lisboa.
Pelo menos com o outro, a foda era certa e boa.
Sempre esta indecisão, sempre, sempre, sempre.

Maleável aos meus movimentos de mãos,
Estou mortinha que galgue sobre mim
E podia ser mesmo na berma da estrada.
Sorrio do cacete bem teso, ao pousar as mãos nele,
E ao abocanhá-lo em andamento.

Por fim, à beira da estrada, à esquerda, um casebre —
Uma boa oportunidade para uma memorável pranchada contra a parede,
Que tenho o gosto romântico das ruínas —
E a direita também promete com o campo aberto, com a lua ao longe.
Por mim, é aqui já. Paramos.
O automóvel é agora uma coisa onde estamos fechados e aos gritos.
Que só posso foder à vontade se ele estiver fechado,
Para ninguém se alarmar.

Grito porque me sabe bem e grito por mais.

À esquerda, lá para trás, o casebre modesto, mais que modesto.
A vida ali deve ser uma tal seca, ainda bem que não é a minha.
Se alguém me viu da janela do casebre, sonhará: Aquela é que é feliz.
Talvez o rapaz que olhou, ouvindo o motor, pela janela da cozinha
No pavimento térreo.
Sou qualquer coisa da puta de todo o coração de rapaz imberbe.
Ele me olhará de esguelha, pelos vidros, até à curva em que me perdi:
Deixarei sonhos e punhetas atrás de mim.

Na estrada de Sintra ao luar, ante os campos e a noite,
No Chevrolet onde mamo consoladamente,
Perco-me neste fodão, sumo-me no êxtase que alcanço,
E, num desejo terrível, súbito, violento, inconcebível,
Aceleramos o ritmo.
E o mangalho esparrama-se-me no monte-de-vénus.

À porta do casebre,
O rapaz a esgalhar uma.
E a minha cona ainda insatisfeita,
A minha cona desejosa daquela verga manceba.
Na estrada de Sintra, perto da meia-noite, ao luar.
Na estrada de Sintra, que cansaço as cambalhotas no carro dadas
E já a vontade de mais.
Na estrada de Sintra, já no pós-orgasmo.
Na estrada de Sintra, já mais perto de outro,
Do Álvaro, do Fernando, tanto faz.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

De tarde

Estava eu preparada para uma daquelas sessões que incluem a merenda completa e chegas tu e propões um piquenique no campo. Ora bem, lá tive de mudar de farpela, porque stilettos enterram-se, meias de vidro rasgam-se nos arbustos. Fui sem cuecas, aproveitando o conselho médico segundo o qual as pássaras se dão melhor ao ar livre. Troquei o bustier de vinil por um de rendas country. A princípio gostei da ideia (o calor, a brisa de fim de tarde, a possibilidade de umas cabriolices na água fresca de algum riacho, o cheiro doce da erva cortada recentemente, o olhar lúbrico dos pastores…). Mas quando cheguei deparei-me com um arraial de burguesas, todas não-me-toques, com os seus ares entre o boho e o hippy chic, meninas da Linha de Cascais ou da Foz, contra quem não tenho nada a não ser o modo como fodem a gramática, arredondando muito as boquinhas e às vezes até desviando as comissuras labiais, para puxar bem ao ar de tia que almejam ser. Talvez chegasse a haver alguma história interessante, alguma grandeza de gestos dignos duma aguarela, se lá houvesse pintor. Mas, neste capítulo do registo icónico, só vi máquinas digitais apontadas a borboletas e abelhas em pleno chupanço do doce néctar dos órgãos sexuais das flores.

Aquele não era o meu pouso e com um piscar de olhos pisgámo-nos com a desculpa de que íamos ver os arredores.

Chegámos a um granzoal azul de grão-de-bico e foi quando eu, descendo do automóvel, fui colher um ramalhete rubro de papoulas. Ao veres-me assim, de traseiro para o ar, não estiveste com imposturas tolas. Saíste do carro, abriste a braguilha, levantaste-me as saias e pumba, pau para dentro que já estava no ponto que me consola. Foi uma bela malhada, não no cereal ou na leguminosa, mas onde deve ser, entre pernas. Quanto às papoulas, lá ficaram a juncar o chão e a denunciar que não tínhamos respeitado o poema.

Pouco depois, em cima duns penhascos, nós acampámos, inda o Sol se via, e houve talhadas de melão e de melancia que comemos com dentadas bárbaras, deixando correr o sumo pela cara e pescoço que lambíamos esticando as línguas. Havia também damascos que eu te enfiava na boca para morder e alternar com pão-de-ló molhado em malvasia que já escorria pelos meus peitos chegadinhos como duas rolas. E como bom vinho não se desperdiça, lambíamo-lo, trocávamo-lo de boca e com o resto eu molhava-te a piça.

«Fazem falta as papoulas aqui no meio», disseste tu, com lubricosa lassidão. E eu, muito dada ao improviso copular e sem querer faltar mais às disposições da poesia, mamei-te a papoula até ficar purpúrea, metia-a no meio das rendas, esfregámos-lhe o talo e daí a pouco ela desabrochou em alva linfa, compondo um ramalhete colorido, supremo encanto da merenda, muito mais interessante que o outro, apenas rubro, ó senhor Cesário!

Bibliografia fodida (3): antologia anglo-sexónica

  • Geme Austen, Sensibilidade e bom sexo
  • Lewis Caralh, Alice no país das mil pilas
  • Charles Dicks, Grandes esporranças
  • Ernest E. Mingway, Por quem os falos dobram

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Messaliníada, III, 120

Estavas, Méssaline, como pedido,
Em teu ânus tomando doce coito
Desse mancebo teso e bem fornido
Que a fortuna te trouxe mais afoito.
Traseiro vicioso bem erguido,
Com teu cu engolias-lhe o biscoito,
Mas já lhe recordando, enquan’te vinhas,
A fome que no pito ainda tinhas.

sábado, 24 de agosto de 2013

Lugares conocidos e seus profundos sentidos conotativos (1)
— Contributos semênticos para um dickcionário messalínico —

Há expressões comuns — lugares conocidos — que remetem para sentidos conotativos próprios do léxico messalínico. Dada a apreciar a anatomia das palavras por dentro e por fora, esta voyeuse da língua observa como se vestem para as pôr ao léu e/ou cobri-las com rendas e véus propícios aos jogos de leito. Imbuída do mui nobre espírito de serviço púb(l)ico devido à nação fornicosa, esta secção (devia escrever-se «sexão»...) parte desse exercício para desvelar os tais profundos sentidos, muito caros a Méssaline.

(O parentesco com os dicionários determina que as entradas sigam a ordem alfabética.)

Apanhada em f(e)lagrante deleito, ou Apanhada com a boca na botija
Méssaline não gosta de ser apanhada a fazer estas coisas, que as requer privadíssimas. Apanhada assim, só se for pela sua própria imagem no espelho. Isso sim!

Abanar o cacete
Quando duro, da esquerda para a direita, com cuidado, que alguns parecem ter rigidez quebradiça, com a mão na base e perspectiva plongée ou com a boca semi-aberta, com as mãos na pontinha, a tamborilar nos lábios, por dentro.

A dar com um pau
Num sentido, lato, é um bom princípio, desde que o dito seja rijo, sábio, saboroso, dado à variação entre os apetites gourmet e os petiscos caseiros, esteja disposto a satisfazer caprichos, seja adaptável e atento às condições intra e extra-cunnus. Num sentido mais estr(e)ito, é o que Méssaline pede ao seu parceiro de cavalgada: que lhe dê com o pau férreo nas bordas da cona, para o que é desejável talento de percussionista.

Bater no fundo
É o «j’accuse» de Méssaline a todos os apressados no vaivém. O que falta às piças para se espetarem até ao fundo? Coragem? Convicção? Força? Tamanho? Ó fodilhões de entra-e-sai, batei no fundo, esperai uns segundos, explorai, batei leve, batei forte, mas saboreai e deixai saborear.

Chupar no dedo
Pode ser um bom prelúdio. No meio daquelas grandes lambuzices antes da inauguração do fornício com um novo parceiro, uma chupadela de dedo, bem ensalivada, com os lábios em volta do dito, fechadinhos e demorados, a irem até à base digital e depois a pousarem em botão sobre este, olhos nos olhos que apenas se fecham como representação (i)cónica e estimulação do desejo a crescer.
Mas pode ser também no meio do mais louco coito. Méssaline mete os dedos na cona escorrente, mete as pontas nos seus lábios (nos de cima) e puxa a boca do parceiro contra a sua com os dedos confusamente metidos em ambas as bocas, embebendo-se do que nesse contexto, com o sabor, o cheiro, a banda sonora de gemidos e suspiros, sabe a mel.
Mas ainda tem outra ocorrência. E é caso para aqui trazer o last but not least. Méssaline gosta que lhe dêem a esporra nas mamas, no ventre, no monte-de-vénus, porque gosta do espectáculo de fogo-de-artifício. Depois, gosta de molhar bem dois dedos nesse gloss para os lábios e sugá-los para lhes sentir o leve sabor acre e a consistência entre o béchamel e o coulis.

Dar à língua
Na glande, nas bolas, na língua, na boca, nos pulsos, no pescoço, atrás da orelha, na glande outra vez, em rodopios, em cânula, em cama, nas bolas, em valsa delicada. Ah, e dar a língua, estendida em colher para sorver jorros de esporra, humm... delícia.


Outras entradas no grelo — perdão! — no prelo, como amuse gueule: encher o papo, encostar à parede, engolir em seco, estar aí para as curvas...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

No parque

Estávamos no Palace Hotel, num baile dos anos 50.

Eu estava numa mesa com muita gente, um pouco enfadada de tudo. Sentia-me admirada pelas mulheres e cobiçada pelos homens. Faziam-me mil e um favores por tudo e por nada. À minha volta, nada me prendia a atenção. Perdia o olhar pela balaustrada da mezzanine da sala e varria o olhar desprendido pela orquestra, não vendo ninguém em particular, apenas um conjunto informe de corpos, instrumentos e rostos. Até que os meus olhos se encontraram com os teus. Eras clarinetista, de cada vez que paravas de tocar, cravavas o teu olhar na figura que te chamara à atenção e que era eu. Comecei a corresponder às investidas dos teus olhos, promessa de salvação para uma noite monótona. E dos teus sorrisos. Sorrias e tocavas com ardor, nitidamente como quem dedica o seu talento instrumental a alguém. Chamaram-me para dançar, fui. Rodopiava de modo a reencontrar sempre os teus olhos. Sacudia a cabeça para trás, com a volúpia de quem oferece os lábios. O meu par dobrava o seu pescoço sobre o meu e tu vias-nos quase entrelaçados. Chegou o intervalo, eu soltei-me dos seus braços e das suas tentativas envolventes, com a desculpa de que precisava de ir à casa de banho. Ao sair, no pequeno hall, estavas à minha espera. Não sabias bem como me dirigir a palavra, eu adiantei-me, quase em surdina e de raspão atirei-te estas palavras: «No parque, depois de uma casa do lado esquerdo, sobe para uma ruína». Ficaste surpreendido e na tua cabeça só bailava a ideia: «Esta é das rápidas, ok, vamos ver se não é uma partidinha de mau gosto». Voltei à sala, certifiquei-me de que todos estavam entretidos, e anunciei que ia apanhar um pouco de ar fresco à volta do hotel. Ofereceram-se para me acompanhar, eu reafirmei a vontade de estar sozinha. Ao sentir-me fora do horizonte visual da entrada, comecei a correr em direcção ao local marcado e pensava «E se ele não está lá? Bom, logo se vê». Tu esperavas-me atrás de uma coluna, espreitando o caminho por onde eu devia chegar. Estavas algo nervoso, mas não conseguias evitar o endurecimento da piça. Pensavas no que eu quereria, parecia-te que eu queria uma bela foda de um músico, mas, e se não fosse isso? Começaste a ouvir passos, ocorreu-te que podiam ser de outra pessoa e eu, meio perdida no escuro, comecei a sentir-me oprimida pelo facto de nem saber como te chamar. Fizeste um ruído, talvez para que eu me orientasse. Foi o suficiente, corri, e quando dei conta, já estava nos teus braços. Tocávamo-nos com a urgência de quem tem muito pouco tempo para roubar uma jóia. Agarrávamo-nos como quem luta, beijávamo-nos com quem morde. Atiravas-te às minhas mamas com uma fúria de condenado, apanhavas-me as nádegas com determinação esmagadora. A minha cona escorria e só queria que me enfiasses o magnífico pau que te estoirava de duro. Levantaste-me pelos braços, sentaste-me sobre ti e empalaste-me. Ó maravilha das sensações! Ó céus! Vim-me de imediato. Gritei, insisti para que me fodesses mais, para que me fodesses até ao fim das forças da tua piça. Retirei-me e chupei-te até te sentir quase a explodir. Interrompi: «Não vim aqui para uma rapidinha; vim aqui para que me saciasses esta cona ávida de piça; fode-me mais, fode-me!». Voltei-me de costas oferecendo-te as nádegas e pedi-te que mas mordesses delicadamente. Acedeste e tiveste de parar, que a tua piça rebentava. Então, encaminhei-te para a cona, esfreguei-te a glande nela. Sentiste-a molhada. Disseste: «Hum, pensava que querias que te comesse o cu». Eu respondi-te: «Calma!». Cavalgaste-me com sabedoria e no limite das tuas forças. Eu incitava-te dizendo-te: «Monta-me, torna esta cavalgada nocturna numa lembrança que dure». O teu pau estourava e abrandavas o ritmo. De repente, a orquestra troou pelos ares e tu disseste: «Tenho de ir, já começaram sem mim» Eu contrariei-te: «Agora, não vais sem me dares a tua esporra que deve ser tão saborosa quanto o teu caralho. Abre a boca». Enfiei-te os meus dedos cheios do lubrificante da minha cona e disse-te: «Esfrega bem a piça na minha cona e fode-me o cu até te vires». Obedeceste e eu adorei sentir as golfadas do teu leite a espraiarem-se nas minhas entranhas. Retiraste-te e correste para a tua função. Eu fiquei a degustar as sensações que me ofereceste e a entregar-me à deliciosa sensação de me sentir toda fodida. Levantei-me, compus-me, dirigi-me de novo à casa de banho para retocar o penteado e a maquilhagem.

Ao longe, vi olhares inquietos que me procuravam. Apareci sorridente, olhei para o clarinetista. Vi-te sorrir. A orquestra tocava:

«Bésame, bésame mucho,
Como si fuera esta noche
La última vez.
Bésame, bésame mucho...»

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Tentações con(a)ventuais

Fidalguinho,

Você quer fumar o seu charuto de ovos na minha sericaia?
Atear seu foguete na barriga de freira e depois explodi-lo no meu papo de anjo bem molhadinho ou no meu toucinho do céu bem doce?
Que tal se roçar as trouxas entre as minhas sapatetas até ficarem em fios de ovos?
Se prepare para uma nabada de Sernide das gostosas no pito de Santa Luzia ou no pão-de-ló bem húmido. Ai, estou ficando encharcada, viu?
Vai ver que daremos suspiros que nem Madalenas e que você até se arrufa em manjar branco ou coalhada do convento, não é assim, meu Morgado?
Ah, vou lambuzá-lo de toda essa melícia! Vai ser de comer, chupar e chorar por mais.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Bibliografia fodida (2): Mario Vergas Llosa

  • Pentelhão e as Visitadoras
  • A Tia Júlia e o Esporrador
  • História de Meta
  • Quem Montou Palomino Molero?
  • O Felador
  • Lili Toma nos Andes
  • O Paraíso Noutra Vagina

domingo, 11 de agosto de 2013

Figos

Figos, pintura de Britta Loucas

Sozinha, pela Estrada Nacional 2, conduzo maquinalmente. Maquinalmente, porque tenho a cabeça cheia de sexo. Obsessiva, persistentemente. O lugar do sexo começa a ser preenchido com a imagem de um homem. Um qualquer, desde que tenha uma piça pronta para me foder. A imagem desce-me até ao meio das pernas e estaca lá. Espeta-se-me pela cona acima até ao útero, espalha-me ondas de prazer quase doloroso, faz-me subir uma baforada de calor por entre as mamas. Esta imagem de um macho começa a turvar-me a vista e preciso de parar. Escolho uma ligeira enseada à beira da estrada. Saio do carro para andar um pouco na esperança de expulsar o que levo no meio das pernas. O ar está tépido, é o fim da tarde. O sol já não atrapalha, só aquece a pele, lambendo-a com a sua língua de fogo brando. Há um talude vermelho e por cima dele implanta-se uma majestosa figueira cujos frutos e folhas perfumam o ar de um aroma espesso, doce sem ser enjoativo. Fecho os olhos e aspiro profundamente. A imagem do homem continua o seu trabalho abaixo do meu ventre, em que toco. Tem a consistência, a temperatura e a humidade do desejo. Subo o talude, não resisto a figos tão perfumados. Palpo-os. Estão maduros, entre o mole e o túmido. Arranco um e meto-o na boca. A imagem do homem mexe-se acima das minhas coxas. Saboreio o sabor delicado, inalo o intenso e quente perfume. Arranco outro e abro-lhe a boca vermelha, carnosa, escorregadia e pegajosa de tanto mel. Mordo-a com gula quase violenta, mas eis que os meus lábios suspendem este exercício. Foi um ruído de passos. Sem dúvida. O coração salta-me à boca. O que trazia dentro de mim desapareceu. As veias latejam-me como chicotes. Mais um sinal da presença de alguém. Já não tenho hipóteses de me esconder, só me resta fugir. Dou o primeiro salto e tu apareces-me. Paro. Deténs-te, inspeccionando-me de alto a baixo.

— Com que então a roubar figos?

Que vergonha me subiu à cara, me coseu a garganta e o corpo todo!

— Uma ladra de figos! hum… Que bela ladra!

E aproximavas-te. A piça a fazer-se tora. Eu não me mexi e permaneci muda.

Tiraste um figo, levaste-o à tua boca e fizeste-o rebolar nos lábios. Não o comeste. Disseste-me:

— Queres mais figos, não queres?

Roçaste-o pelo meu pescoço, deslizaste-o até ao rego das mamas e demoraste-o aí. Eu, quieta, a arfar. Meteste-me o figo na minha boca e levaste-o rapidamente à tua. Mordeste-o e engoliste-o. Crescia-te o enchumaço nas calças. Decidi investigá-lo. Que de aço! Voltou-me a sensação de peso no meio das pernas que pensara aliviar ali.

Hum, queres esse pau de figueira, queres, minha ladra de figos? Espera. Vamos brincar mais com os teus frutos queridos.

Colheste outro figo, meteste-mo na boca e ordenaste-me:

— Come, come-o todo.

Tiraste outro e quando eu pensava que mo ias dar a comer, rolaste-o sobre a minha pele até aos mamilos. Circundaste-os com o figo. E mordiscaste os mamilos e o figo alternadamente, perscrutando-me as reacções. Eu suspirava não de temor, mas já inteiramente de prazer. Já não queria parar aquele jogo. A opressão entre as pernas era já insuportável, empurrava-me o corpo para o teu. Arrancaste uma folha e deste-ma a cheirar e perguntaste-me se queria continuar. Eu respondi que sim, que sim, tu desabotoaste-me o vestido e afastaste-o para os lados do meu corpo. Com outro figo, acariciaste-me das mamas ao ventre, devagar, devagar, sempre perguntando se estava a apreciar. Desceste o figo até à minha cona, detiveste-te à entrada. Molhaste-o na cona encharcada, lambeste-o, deste-mo a lamber, sem me desvendar os olhos. Desfazias-te em interjeições, monossílabos, palavras soltas, frases curtas — fragmentos da tusa de que estavas visivelmente possuído, até que me perguntaste:

— Posso lamber o teu figo, comê-lo?

Abri bem as pernas e ordenei-te que me devorasses o figo que me inchava na cona. Disseste-me:

— Quero que me vejas a comer-te o figo maduro que tens aqui.

Já me tinhas enfiado os dedos, retiraste-os e baixaste-te. Lambeste-ma, com sabedoria, mordendo-a, titilando o clítoris, rodando a língua, introduzindo-a na minha gruta. Meteste nela um outro figo, esborrachaste-o, mesclaste-o com os lábios da cona, disseste-me que era saborosa, que a querias comer, que a ias foder até ela ficar rubra como a carne do figo esmagado, que te ia saber bem. Louca de prazer, implorei-te que me fodesses toda, agarrei-te o malho, encaminhei-ta para a cona, com ânsia. Quando entraste, vim-me imediatamente, o que te surpreendeu e disseste que querias ver-me a vir-me outra vez. Eu informei-te de que bastaria que me fodesses mais, com veemência, que me continuasses a excitar com aquelas palavras de tusa e me carregasses sobre o útero quando eu te pedisse. Fizemo-lo muitas vezes, até que o teu vaivém já não era tão sincopado, tinhas que parar para deter o leite que te subia até à ponta do teu pau incandescente. Eu senti a iminência da deflagração e perguntei-te se querias oferecer-me um colar de esporra. Tu ficaste tão excitado, que só tiveste tempo de tirar a piça e de ma apontares às mamas que me banhaste generosamente. Eu pedi-te para lamber as últimas gotas que provei com volúpia e gulodice e pedi-te para me ungires o colo com o teu saboroso leite. Obedeceste, maravilhado. Eu compus-me para me ir embora. Tornaste-me leve, sentia-me levantar voo em cada pequeno passo. Tu seguias os meus movimentos com o olhar, arrancaste mais um figo, deste-mo e perguntaste-me com gravidade:

— Se gostaste dos figos, porque não ficas mais tempo para comermos mais?

Sorri, abracei-te e prometi voltar… enquanto houvesse figos.

sábado, 10 de agosto de 2013

O horto do esposo

Espera que já te mordo a cenoura, te amacio os tomates, até que a curgete se empepine. Depois, apimento-te o nabo para esfregares no meu grelo e te esparregares pelas camas do meu repolho. Deixa repousar os feijões, afia a beringela até ficar gostosa para uma coentrada de abóbora-menina e para me baterrabares a batata doce até eu gritar pelo alho francês e tu precisares de arrancar o cogumelo para não te espargares logo na couve-flor. Repitamos a ratatouille. Molha-me a fava-rica, procura a ervilha e entala-me bem a vagem com os brócolos cheios até me rebentares a soja e eu receber-te o suco no sulco.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Só Isto

Dizem que finjo ou minto
Quanto me venho. Não.
Eu simplesmente sinto
Prazer no conão.
Não uso o coração.

Todo o que sonda ou passa,
O que me folla ou fornica,
Desperta em mim a devassa
Por outra piça na crica.
¡Vaya que cosa más rica!

Por isso siempre deseo
Quem a mantenha em pé,
Livre de todo o enleio,
Séria só do que é.
Amarras, sinta quem crê.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Cura pela foda

coração partido

Méssaline não aprecia “literatura de auto-ajuda” por três razões:

  1. não lhe serve a treta dos exercícios espirituais;
  2. não acredita em paraísos de onde desertou a angústia;
  3. os autores são desonestos, porque mais interessados no dinheiro de tolos do que em curar-lhes os males.

E que faz Méssaline quando se sente fodida pela vida?

Procura a cura em fodas genuínas, dadas por uma boa piça que lhe interesse.

Por exemplo, trata o chagrin d’amour com um mote alheio: «Eu quero foder, foder perdidamente». Enche o vazio deixado pela ausência do amor com a esporra de outro(s) amante(s). Não lhe é difícil encontrar voluntário(s) porque nesta frente de combate ainda há homens de muito boa vontade. Se não veja-se a frase ouvida numa sessão de terapia talâmica: «Hei-de enfiar-te a felicidade pela cona até te chegar à cabeça». Ah, ditoso seja quem assim dá o peito — e o pau. Que importa se conhece ou não a neurofisiologia e o poder da oxitocina? Basta que cumpra a sua alta missão com rigorosa competência.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

A FERNANDO PIÇOU-A

DEPOIS DE LER O SEU DRAMA FLÁCIDO
«O PUNHETEIRO» EM «PHODEU I»

Depois de doze minutos
Do seu drama O Punheteiro,
Em que quem se vem em repuxo
Se sente sem tusa e murcho,
E de esporra nem cheiro,
Diz um dos masturbadores
Com mui penosa moleza:

De eterno e belo há apenas o punho. Porque estamos nós batendo ainda?

Ora isso mesmo é que eu ia
Perguntar a esses senhores...

Bibliografia fodida (1): António Lambe Antúrios

  • A Explicação das Pássaras
  • Foda Alexandrina
  • O Manual dos Enconadores
  • Não Saias Tão Depressa Desta Cona Escura
  • Ontem Não me Vim em Babilónia
  • Que Caralhos São Aqueles que Fazem Som ao Dobrar?
  • Que Farei Quando a Cona me Arde?

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Autoconografia

Méssaline é uma fornicadora.
Fornica tão completamente,
Que chega a vir-se numa hora
Mais vezes do que se consente.

E os que fornicam com ela
Na foda dada sentem bem
Não só a sua esporradela
Mas também as que eles não têm.

E assim durante cada coito,
Gira, a entreter a tesão,
Com orgasmos mais do que oito,
Sem contar o que faz com a mão.

Messaliníada, I, 1–3

A cona e os lábios bem ’sporrados,
Que, na acidental cama Lusitana,
Caralhos nunca tão fundo ’spetados
Levaram ainda além da Rabadana,
E com falos e pénis bem brochados,
Mais do que prometia a força humana,
Entre gente remota alcançaram
Novo Orgasmo, que tanto sublimaram;

E também as memórias lubricosas
De Méssaline, a que foi dilatando
O cu bem enrabado, e piças viciosas
De África e de Ásia andou mui bem felando:
Aquela, que por fodas valerosas
Se vai de leis mais castas libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cessem do lúbrico Bond e de Pã
As esporranças grandes que fizeram;
Cale-se de Casanova e de Don Juan
A fama das trancadas mil que deram;
Que eu canto o pito ilustre Lusitano,
A quem Príapo e Patife obedeceram:
Cesse tudo o que a Tusa antiga canta,
Que outro ardor mais alto se alevanta.