sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Agora que falas nisso…

Recuperava o fôlego e saboreava as últimas réplicas do orgasmo no remanso do pós-foda. Ao meu lado, o X., o meu mais fiel amante, o porto seguro onde garantidamente me pude refugiar sempre que os mares tempestuosos das paixões ameaçaram fazer naufragar o meu barco.

Os braços e a perna direita dele rodearam-me em tom de súplica e eu soube que chegara o momento em que o X. me imploraria que ficasse, em que manifestaria a angústia de me saber fora no fim-de-semana que se avizinhava — e que eu não estaria com ele, mas com outro.

— Não faças cenas, X. — disse-lhe. — Aproveita o momento em que estou contigo, não reclames daqueles em que não estou. Neste momento sou tua e de mais ninguém!

— O clichê diz — começou ele após uns segundos de silêncio — que a mulher é fiel, centrada no amor, emocionalmente entregue, que tudo o que quer é ficar com o “seu” homem, enquanto o homem é desprendido, sexualmente infiel, conquistador inveterado, fixado no sexo. Então olho para nós e vejo a ironia: na nossa relação, emocionalmente, eu é que sou “feminino” e tu é que és “masculina”...

— Não está mal vista, não, essa análise psicológica — concordei. E com uma risadinha: — De facto, frequentemente sinto um homem dentro de mim...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Amante de homens mil

Amante de homens mil, entre os quais destaco Camões e Bocage, confesso o meu favoritismo por Fernando Pessoa. Adorava metê-lo nos meus lençóis e introduzi-lo nos paraísos da carne. Excita-me a sua aparente virgindade e constante punhetice. Excita-me ele ser muitos. Um homem com tantas personalidades não me cansaria. Um dia com o arrebatado Álvaro de Campos, a foder pelos becos da cidade; outro, a aquecer o frio e contido Ricardo Reis; depois, a esfodaçar pela natureza, com Alberto Caeiro. Se me apetecesse uma dança aristocrática, pedir-lhe-ia a máscara do Barão de Teive; se preferisse mordiscar petiscos estrangeiros, convidaria Alexander Search. E depois os outros todos...

Não desdenho a verga pujante do nobelizado Llosa ou do tropicaliente Jorge Mamado, nem a língua do cínico António Lambe Antúrios, nem ser levada à sétima esfera pelos coitos vagabundos com Mário de Car(v)alho. E porque não desprezo os neófitos, desde que talentosos, sonho com um dueto com o fulgurante e polivalente Afonso Cruz, que faria da minha cona uma harmónica.

Depois os imediatamente acessíveis: louros, morenos, altos, baixos, peludos como gorilas, de pele lisa como golfinhos, jovens de gestos ansiosos, maduros buscadores de pinanço a torto e a direito, nacionais e estrangeiros, com preferências para os dedicados italianos e os aplicados eslavos, passantes na rua que me trespassam com a selva de um olhar, músicos de pose lasciva, professores que pregam os olhos no meu corpo, médicos que se surpreendem quando lhes entro no consultório, empregados de mesa que retêm suspiros enquanto me servem o linguado ou a salpicão e eu lhes escrutino as reacções da zona escrotal. E que dizer dos disponíveis desempregados, ávidos de uma satisfação qualquer, dos colegas que se calam quando passo, dos chefes que se levantam quando chego, dos toureiros que exibem as suas cinturas varonis, dos businessmen-vedetas entesoados pelo ganho de mais um milhão, dos frequentadores de ginásios que transpiram testosterona?

Ah, não ser eu toda a amante em toda a parte, senti-los todos de todas as maneiras...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Méssaline está no Facebook!

A partir de hoje, Méssaline está no Facebook!

E, porque o Facebook estimula os seus utilizadores a fornecerem o seu nome verdadeiro (e Méssaline adora ser estimulada!...), a conta está em nome do mais portuguesito Messalina Sá Lopes. (As minhas desculpas a quem se desapontou...)

Amiguem-se-me!*


* (Termo em tempos deliciosamente prevaricador. Ainda é usado?)

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Nunca dizer desta água não beberei

Seguiam tu e ele pelo bosque, de mãos vazias, no retorno de uma frustrante incursão aos cogumelos. A copa das árvores não os deve ter deixado ver o relâmpago, porque o ribombar do trovão apanhou-os completamente de surpresa, e ainda não estavam refeitos do susto quando a tromba de água se abateu sobre os dois.

Largaram em corrida desesperada pelo trilho enlameado. Dois quilómetros mais à frente, ensopados e com os pulmões a arder do esforço, encontraram abrigo na velha casa florestal abandonada. Arfando, de faces ruborizadas e por vezes rindo sem saber porquê, ficaram os dois no alpendre da construção arruinada a assistir ao espectáculo dos elementos.

— Os céus estão a ter um orgasmo — disseste com naturalidade, e pelo canto do olho observaste-lhe a reacção. Ele nada disse, talvez porque o inesperado comentário lhe secasse a resposta na garganta, talvez porque a trovoada tivesse abafado as tuas palavras. Talvez...

Ficaste mais uns segundos a fingir que te maravilhavas com os relâmpagos e depois viraste-te e entraste na casa, aproveitando o movimento para inspeccionar com o teu olhar treinado as vizinhanças da braguilha dele: uma poderosa tumefacção gritava para saltar cá para fora. Talvez a trovoada não fosse tão forte assim...

Percorreste a penumbra das divisões atulhadas de caliça caída do tecto e folhas sopradas pelo vento com ele sempre atrás de ti. De repente deste meia volta e fizeste-o parar com uma mão no peito e outra no chumaço das calças. Em menos de um ai já estavas de joelhos e a piça dele estava cá fora, dura como pedra, não fossem as grossas veias que pulsavam com vida.

Abocanhaste-a com sofreguidão, engolindo-a quase até te engasgares. Repetiste duas ou três vezes e depois entrou a língua em acção, rodeando-lhe o talo como a serpente do Paraíso à volta da árvore do conhecimento do bem e do mal. Depois mordiscaste-lhe a glande, uma ou outra vez exagerando um pouco, ao que ele reagiu com um leve estremecimento de dor — ou talvez de prazer, pois no limite da audibilidade disse-te «Sim, sim, faz assim...». Voltaste ao entra-e-sai, agora com mais insistência, e a certa altura sentiste-lhe o pau a ficar com a tensão que prenuncia a explosão, como o ar antes de uma trovoada de verão. Paraste.

Por esta altura já estavas toda molhada. Não apenas na roupa, da chuva, mas também na cona, que pingava e fremia de antecipação. Estiveste quase a levantar-te para saciar o rugido que te consumia entre pernas, mas, sabe-se lá porquê — certamente contra as tuas declaradas preferências —, naquele fim de tarde de Outono a sede dos teus lábios levou a melhor sobre a quase sempre vencedora fome da tua cona, e as pernas recusaram-se a erguer-te.

Olhaste para cima: na semi-obscuridade da casa florestal conseguias ver-lhe o brilho dos olhos, e ele via certamente a chama lubricosa que irradiava dos teus. Quando a luz de mais um relâmpago iluminou por breves instantes a cena, engoliste-lhe de novo o caralho, mais fundo e com mais determinação do que antes.

A piça dele desaparecia na tua boca e assomava de novo, uma e outra vez. Com o fôlego ainda não totalmente refeito da fuga à chuva, a que se somava a excitação, respiravas pelo nariz, inspirando com sofreguidão e expirando ruidosamente, em crescendo notório. Crescente era também a cadência do vaivém, e da urgência com que mamavas. Lá fora os trovões tinham já sossegado e no silêncio da casa — dir-se-ia que dezenas de metros à volta dela, mesmo — só se ouvia a tua respiração modelada pelo desespero da tusa.

Enquanto chupavas ergueste os olhos e ele leu-te neles que aquilo não eram preliminares, que a tua boca clamava por receber a esporra dele. Então, todo o autocontrolo que a custo congregara se lhe desvaneceu. Tu insististe com mais convicção, sugando como se a tua vida dependesse disso, e após um clímax que sentiste nos lábios, numa explosão libertadora, ele inundou-te a boca com o leite espesso e quente, enquanto te enfiava os dedos nos cabelos rebeldes.

Lambias ainda os lábios lambuzados de esperma quando te levantaste, um olhar maroto a iluminar-te a cara.

Hmmm, divinal, mon cher! Adorei o teu recheio — disseste.

— F...foi de-li-ci-o-so... — silabou ele, quase tão sem fôlego quanto tu. — Apanhaste-me totalmente de surpresa, Méssaline. Tinha ideia que um broche all the way não fazia parte do teu menu de preferências...

— A boca, tal como a cona, tem razões que a própria razão desconhece. Hoje apeteceu-me assim, gargalo nos beiços e toca a aviar. De qualquer forma — disseste após uma pausa teatral —, eu nunca fui mulher de dizer desta água não beberei...

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Há homens assim

Era uma tarde de verão e ele enviou-me um sms: «Vem sentar-te comigo, Méssaline, à beira do rio».

Hesitei, pois a luz aguda e o calor ainda picavam e, principalmente, porque estava com disposições muito mais forniciosas do que contemplativas. Aceitei com a condição de ser mais tarde, já perto do crepúsculo, hora conselheira em matéria de lascívia.

Lá fui, estava ele, muito sossegadamente, fitando as águas levemente correntes. Pediu-me para enlaçarmos as mãos porque a vida passa como o rio, dizia.

Obedeci, mas aquela água a fluir, o levantar das brisas vespertinas e as mãos quentes começaram a fazer-me subir calores e humores lubricosos. Pus-me à sua frente e levei as suas mãos até às minhas mamas, lembrando-o de que aí, sob essa carne, para além de a vida também passar, corre um rio de sangue quente.

Insistiu que fôssemos inocentes, que tudo passa e nenhum envolvimento vale a pena. E eu, pousando-lhe a mão aberta sobre a braguilha:

— Deixa-te de brincar às crianças adultas antes que a tusa passe como a vida.

— Mas depois disso nada regressa, não há mais nada.

— Se ficares sempre para aí parado, a tusa nunca há-de vir nem partir, nem regressar.

— Vai tudo para muito longe, para o pé do Fado.

— Eu é que vou para bem longe, se continuas com essas conversas de empata, vou para o lado da Foda.

— Não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.

— Então, pelo menos gozemos. Gozemos até ao fim, até ao fundo.

— Mais vale saber passar silenciosamente, sem desassossegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz.

— Deixa-me começar, que o mastro logo se levantará, pronto para zarparmos desta pasmaceira e gritar até revirarmos os olhos de inveja aos passantes. Iniciemos esta viagem de vaivém, assim, suavemente, a teu gosto, amigo.

— Amemo-nos apenas tranquilamente.

— Sim, pode ser, mas totalmente. Osculemo-nos pelo corpo todo, por dentro e por fora, demos apertados amplexos e permutemos carícias íntimas sem limites.

— Mais vale estarmos sentados ao pé um do outro ouvindo correr o rio e vendo-o.

— Lá vens tu com a mesma história. Olha, ficamos a ouvir e a ver o rio, mas um enfiado no outro.

Devíamos colher flores.

— Pode ser, mas para me excitares com uma chuva de pétalas sobre o meu colo, que depois banharás com o teu rio, com a tua espuma, e para ficarmos assim não crendo em mais nada a não ser no presente da nossa divina foda, ali debaixo daquela sombra. Sempre que por ali passarmos teremos lembranças ardentes. Ou vamos ficar aqui como patetas inocentes?

— Se apenas fitarmos o rio, quando já não estiver contigo, nenhuma lembrança te ferirá.

— Quando aqui não estiveres, também colherei flores com que ornarei a minha fronte de ninfa pagã, em tua homenagem. Foderei com o barqueiro a lembrar-me da foda que dei contigo, aqui, mas só se agora te deitares comigo à beira-rio e me satisfizeres as vontades da carne. Levanta-me as saias até ao regaço, lambe-me e morde-me a cona até ela se vir na tua boca e depois, vem-te, em cascata, em rio, sem contenção, que isso que propões, Ricardo, é para a casta e sonsa Lídia.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Responso de São Fornício
e de (quase) todos os santos

São Fornício, meu padroeiro,
o que eu rebolava num palheiro...

Santa Carlota,
ai que saudades de uma cambalhota.
Santo Ambrósio de Milão,
dai-me um homem fodilhão.
Santa Basilissa,
a minha cona clama por piça.
São João de Brito,
ai que fome sinto no pito.
Santa Catarina de Alexandria,
já fodia, já fodia!
São Barnabé,
alguém que me foda de pé!
Santa Veridiana,
quero uma foda à canzana.
São Vicente de Saragoça,
quero mamar numa piça grossa!
Santa Doroteia,
de abundante esporra tenho a boca cheia.
São Nicolau,
entre as minhas pernas quero um grosso pau.
Santa Isabel, rainha,
já me vinha, já me vinha...
São Vladimir,
estou-me a vir, estou-me a vir!
Santa Marta,
de piça na cona nunca estou farta.
São José de Arimateia,
por piça e mais piça minha cona anseia.
Santa Margarida de Antioquia,
fornicar a toda a hora é que eu queria.
Santo Inácio de Loyola,
quero uma trancada à espanhola.
Santa Luzia de Siracusa,
ai que tusa, ai que tusa!
São Gregório Palamas,
quero que se venham nas minhas mamas.
Santa Bernadette Soubirous,
quero um caralho espetado no cu.
São Josemaría Escrivá,
para ser enrabada é que eu estou cá.
Santa Teresa,
quero um mancebo de piça bem tesa
que me foda em cima da mesa.
São Facundo,
quero a piça enterrada até ao fundo...
Santa Rosa de Lima,
... e que antes de eu me vir ele não me saia de cima!
Santo Erasmo,
só mais um orgasmo, só mais um orgasmo!
Santa Inês,
estou-me a vir outra vez.
Santo António de Lisboa,
ai que foda tão boa!

São Fornício, São Fornício,
nunca me livreis do vício.