sexta-feira, 28 de novembro de 2014

And the Oscaralho goes to... Sergi López

Um pouco de timidez, uma entrega honesta e generosa fazem deste actor de rosto camponês aquele homme d’à côté que apetece enfiar na cama muitas vezes para viver um segredo picante e doce. Mas o que o faz merecer o Oscaralho desta edição é o desempenho perfeito no filme Une liaison pornographique. Não é para todos, nem esse tipo de relação, nem esse modo raro de foder falando e ouvindo falar.

Com um parceiro destes, eu seria Natalie Baye.

Reparando melhor, entre os minutos 29 e 33, Natalie, c’est moi!


(Não encontro na Net o filme em francês, o que é uma pena, porque foder na belle langue é outra coisa, n’est-ce pas?)

sábado, 22 de novembro de 2014

Rio abaixo, rio acima (3):
Apeadeiro

(parte 2)

Fomos os únicos a sair daquele comboio quase fantasma, naquele apeadeiro perdido, deserto. Más coordenadas para o crescimento local, excelentes para o desenvolvimento fodal.

Por um instinto que me vem do fundo da cona, conduzo-te por uma vereda sinuosa. Vamos dar a um trio de árvores frondosas. Sem demoras nem rodeios, encosto-me ao tronco do castanheiro, abro os braços para acolher o teu corpo nitidamente excitado. Abro-te a braguilha, donde retiro o teu caralho à foda afeito. Não lhe resisto e rodeio-o com ambas as mãos. Quente, quente e duro, duro como é seu dever em hora tão propícia. Fricciono-o com uma lentidão dolorosa, já que mil línguas de fogo me lambem as entranhas. Ah, mas antes quero ter-te na boca. Devias ter outra piça e talvez outra ainda para me foderes toda. Digo-to e tu sorris:

— És louca!

Louca por foder, foder como uma per-di-da — seja lá isso o que for —, foder com a tua alma, o teu coração, ainda que a tenhas vazia e o tenhas vadio. Aqui e agora, nestes alegres campos, sob estes verdes arvoredos, são meus os teus braços, a tua boca, os teus dedos. Meto-os na minha cona que em agitação húmida me palpita, tocas-lhe com um remeximento sábio e saboroso. Peço-te que ma agarres com a mão toda, com a delicadeza e a determinação úteis a quem apanha um fruto maduro escorregadio ou um simpático bicho esquivo. Dizes-me, baixando-te com uma desenvoltura felina:

— Quero tê-la toda na boca.

Teu dito, teu feito. A tua língua voga dentro dela, procura-lhe os recantos mais recessos com um virtuosismo de primeiro violino, que digo — ai! —, é verdade que é de música que se trata, pelas cordas secretas que sinto tangidas onde nem as imaginava, ó descobridor das ilhas encantadas que me habitam, Gama da minha íntima Índia, Cabral do meu encoberto Brasil!

Preciso que pares para que juntos sintamos o ritmo do minuete que me vibra dentro.

O chão está coberto de verde manto que nós cobrimos da carne febril dos nossos corpos: o meu, primeiro, de bruços, o teu, sobre o meu. Servindo-me do apoio de uma almofoda improvisada com o meu casaco, levanto as nádegas. Abro-as, oferecendo-te a entrada. Tomo a tua haste e roço-a entre as minhas culinas traseiras, dando as boas-vindas a tão sôfrego peregrino que, por sua vez, favorece a hospitalidade com lentescentes e cálidas expressões. Damo-nos ao teasing do vai-e-vem, insuportável, porque não apetece findar nunca, nem prolongar mais. Faço um gesto repentino e tu mergulhas nas minhas profundezas. Da boca um grito me sai, do corpo uma comoção quase violenta, e assim, todo imerso, ficas imóvel, barco fundeado em posição de receber a minha ondulação muscular interna.

Perguntas-me como eu quero que te venhas. Ah, como sabes que gosto de escolher, vá lá, acordar, o modus veniendi, generoso viajante ao centro da terra? Digo-te:

— À entrada do cu.

Não sei se foi por surpresa, se foi por a teres já tão presa, que de imediato cumpriste o meu mui urgente desígnio.

Sei que foi com luxúria pura que recebi o impacto do teu jorramento. A mesma que agora sinto, só de contá-la.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Rio abaixo, rio acima (2):
Rio acima

(parte 1)

O leito do rio ora se espreguiça em vales abertos, ora se estrangula entre os braços apertados de rochas abruptas, numa sucessão imprevisível que não dá descanso aos olhos. Trocamos impressões deslumbradas, recriminamo-nos por não termos feito esta viagem há mais tempo. Lembro-te que acontece conhecermos melhor o Colorado ou os Alpes do que as nossas serras e rios. Corremos mais depressa atrás do distante do que do perto.

O comboio parou num apeadeiro, dizes:

— Nem sempre, agora não correria atrás de nada, a não ser para os teus braços.

Entra um casal de idosos, acabou-se a brincadeira.

Mas começa outra. Acorrentados pelo decoro devido à provecta idade destes passageiros, adaptamo-nos.

Protegemo-nos dentro de longos silêncios, enquanto eu te massajo a majestosa piça com os meus pés pequenos. A sensação dela dura, quente e palpitante como alguma coisa com vida própria lança sucessivas vagas contra o interior da minha gruta, que sobem pelas colinas mamárias, resvalam pela praia da minha pele, escoando-se na boca aberta em grito mudo, nas pálpebras cerradas pelas mãos da Dona Tusa. Com uma mão, apertas-me o pé contra a tua verga granítica, com a outra, acaricias-me a perna alçada. De vez em quando, abro-as para que me entrevejas a boca que de novo te quer comer. Olhas e fechas os olhos, levanto-me e, ao abrigo dos olhares dos vizinhos septuagenários, meto os dedos na tua boca. Olhando para a paisagem, sussurro-te ao ouvido:

— Diz-me o que querias fazer agora!

— Penetrar-te até ao fuuuuundo...

— Vem!

Dou-te a mão e encaminho-te para o hall da carruagem, procurando um ângulo cego para os outros ocupantes. Reparo num varão a que me seguro, dando-te as costas. Tenho uma das melhores sensações, uma daquelas que me faz sentir fêmea faminta, que é a de sentir um grosso e duro pau a aquecer-me o cu. Com discretos movimentos, ajeito-o no meio das minhas nádegas, empinando-as, roçando-me, roçando-me. A custo, abafamos a respiração caótica. Digo-te, já muito quieta:

— Se entrares dentro de mim agora, venho-me.

Levantas-me o vestido, abres as tuas calças, seguro-te no caralho em riste e oriento-o para a minha/sua caverna, para onde deslizas. Como pressentira, o orgasmo acontece imediato, percorre-me o corpo, deixa-me os braços trementes e lassos. Quente e ruborizada até ao sétimo céu do cérebro, aquieto-me para prolongar o gozo, como quem sorve um vinho raro. Apetecia-me ficar assim muito tempo. Não, não! Apetecia-me era foder, continuar fodendo, naquela posição, noutra igualmente boa, ou melhor ainda, ali, no carro, na cama, no sofá, na cadeira, na mesa, no tapete, no chão de erva macia...

Ah, tive uma ideia.

— Descemos na próxima paragem?


(continua)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Rio abaixo, rio acima (1):
Rio abaixo

Sabendo que gosto muito de comboios, convidaste-me para um passeio numa linha que seguia à beira-rio. Sabendo eu dos teus interesses em relação à minha pessoa, disse-te que sim, que um dia faríamos o passeio juntos. Creio que, no fundo, não esperavas que aceitasse, pelo modo como reagiste:

— Quando, quando?

— Calma! Sabê-lo-ás em seu tempo.

Uns dias depois sonhei contigo, vá-se lá saber por quê. Acordei a sentir o teu pau duríssimo todo dentro de mim. Fiquei quieta, mas em ebulição entre as pernas e a cabeça. «Tens de foder, Méssaline», disse a mim mesma, «foder com urgência, com esse gajo». Liguei-te, disseste-me prontamente:

— Dá-me meia hora!

E cumpriste. Saudaste-me:

— Que bonito vestido, fica-te muito bem. Só tu andas de vestido fora do Verão!

Era outra meia hora até à estação, fomos no teu automóvel. Falavas com nítida satisfação. A mim apetecia-me ter as tuas mãos pelas minhas pernas acima. Estavas mesmo contente e continuavas a falar. E eu a olhar para a tua boca, a tua nuca, as tuas mãos na manete das mudanças, os teus pulsos finos, as tuas pernas, e a lembrar-me de ti todo enfiado na minha cona, no sonho, e a ficar com a cabeça a andar à roda do mesmo pensamento.

Chegámos, tomámos um café, bebida que me dispõe para a acção e me predispõe para o coito.

Trataste dos bilhetes, ajudaste-me a subir com requintes de cavalheiro que aprecio, que me afagam o espírito e a passarinha. Havia poucos passageiros — talvez tenha sido isso que levou depois ao fecho da linha —, escolhi uma carruagem vazia. A viagem começou, comentavas a paisagem, chamavas-me a atenção para as curvas do rio, estreito e muito bonito. Descruzei as pernas e abri-as um pouco para que o espaço entre a bota de cano alto e o vestido ficasse um pouco descoberto. Ficaste calado e com os olhos colados à minha carne exposta, durante uns infinitos segundos. Estiquei uma perna até ao teu assento, em frente do meu, e meti-a no meio das tuas. Perguntei-te:

— De que é que gostas?

E tu, surpreendido:

— Eu?!

— Sim, de que é que gostas da paisagem...

E toquei-te com a ponta da bota na piça. Disse-te:

— Espera!

Tirei a bota e repeti o gesto, agora só com a meia. Imediatamente, agarraste-me no pé e levaste-o à tua boca, olhando-me nos olhos. Desceste as mãos pela perna, acariciando-ma. Tirei a outra bota para sentir com os pés o teu membro, já bem duro. Acariciei-to com esses trejeitos de gueixa que toda a iniciada nas artes amatórias deve dominar.

Abri as duas pernas o suficiente para entreveres que não levava cuecas. Isso deixou-te speachless, querias vir para o meu lado. Empurrei-te com um pé para o teu lugar, tinha a cona escorrente. Meti-lhe dois dedos, ostensiva e profundamente, levantei-me e meti-tos na boca. Sentei-me no teu colo e disse-te com voz de mando e de desespero:

— Quero-te foder!

Antes que pudesses dizer alguma coisa, abri-te o fecho das calças, retirei a tua piça entumecida e sentei-me nela.

— Pode vir alguém!

— Se vier, temos tempo de nos recompor. Por que achas que vim de vestido?

E comecei a foder-te, deliciosamente cavalgando o teu caralho. Não tardei a vir-me, que eu nunca tardo. Fiquei quieta e disse-te:

— Sente-me, sente-me!

E abafava os gritos de prazer que me subiam à garganta.

— Agarra-me as mamas, não, as ancas!

E tu, assoberbado:

— Precisava de ter mais braços, de ser um polvo.

Desabotoaste-me a parte de cima do vestido, que havia escolhido camiseiro para o efeito. Senti as tuas mãos nos meus mamilos e avisei-te que ia ter um novo orgasmo, o que te surpreendeu. Lembrei-te da minha fama: «Méssaline, a mulher que se vinha demais». Disseste:

— Mas não imaginava que pudesse ser assiiiiiiiim.

— Então, habitua-te e faz-me vir mais.

— Sim, mas se não nos acalmamos um pouco, venho-me eu...

— Vem-te quando quiseres, se me prometeres que fodemos outra vez ainda hoje.

— Sim, sim, claro, o dia ainda agora começou.

Ah, temos homem, pensei. Levantei-me e sentei-me de novo no teu colo, desta vez com as costas voltadas para ti, espetando-me toda pelo teu mastro abaixo, até ao fundo, até à raiz. Pedi-te:

— Desce um pouco as calças.

Libertei-te, e enquanto me exercitava em movimentos amazónicos, acariciava-te essas partes anatómicas masculinas que tanto aprecio, pela súbita delicadeza, contrastante com a piça impante. Ora os aninhava na concha da minha mão, ora lhes passava as costas dela. E, como sempre neste suave gesto, apeteceu-me tê-los na boca. Alcei-me, ajoelhei-me à tua frente e lambi-os, abocanhei-os com temperança, subi até à base do teu caralho tensíssimo, rijíssimo e disse-te:

— Dá-me essa esporra toda na boca!

— Então, chupa-me até me vir!

E chupei, e vieste-te tão lindamente, tão gostosamente, dando-me o primeiro jorro dentro da boca e depois fora, na cara, nos lábios, para eu ver, como gosto e exijo, enquanto eu expelia o que me havias dado. Mas não era por recusa que o devolvia, era por pura tusa de senti-lo escorrer por mim, e tu soubeste apreciá-lo assim.

Uns minutos depois, chegava o revisor, estávamos nós ainda tontos e suados da maravilhosa foda. Se fosse religiosa, dir-te-ia: «Deus te abençoe a piça!»


(continua)

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Fingir orgasmos

Há vários tópicos recorrentes nos escritos sobre sexualidade feminina com os quais nunca senti qualquer identificação. Desta vez, centro-me apenas neste: fingir orgasmos.

Já me chegaram a dizer — com a convicção de quem pronuncia uma verdade absoluta, que não me atrevi a contrariar para não perder o espectáculo próprio de algumas generalizações — que TODAS as mulheres fingem, que não há nenhuma que o não tenha feito pelo menos uma vez. E como tento evitar guerras com fêmeas, por princípio, mas também por já as ter na minha conta em medida muito superior ao que queria, enrolo os meus pensamentos para dentro. Hoje vou desenrolar alguns:

  1. Então, se por incompetência do cavaleiro ou quebranto da montada, a viagem não chega a bom termo, vou fingir que sim, que aaaah, aaah, aah, foi muito bom? Para quê? Para o macho ficar com o ego inchado e poder continuar cavalgando com a irresponsabilidade dos iludidos? Se ao menos tivesse a poesia de um Quijote! Não! Não faço favores sexuais a ninguém!

  2. Se o desastre da foda mal-dada, mal-acabada, aconteceu, por ejaculação precoce ou outra miséria com o mesmo resultado, mostro o meu desagrado. Fica o cavaleiro triste, com o ego murcho? Azar, há que ser consequente, há que foder com responsabilidade. Mas fingir, JAMAIS!

O que eu tive de fazer várias vezes na vida no que toca a orgasmos não foi fingi-los, mas disfarçá-los. Eis como e por quê:

Precoce na revelação do prazer, dediquei-me a explorá-lo, a desenvolvê-lo. Não havia em casa esquina de mesa ou cadeira cujas potencialidades orgásmicas eu não tivesse experimentado e apurado, não havia aula aborrecida que não aproveitasse para divertir o meu pipi. Mas cultivar este jardim secreto exigia muitos cuidados, muita camuflagem, muita arte do disfarce, não só enquanto o regava, mas também na hora de lhe colher as flores. O que vale é que, boa aluna, os professores julgavam que os olhos brilhantes e fixos, a face ruborizada, a posição imóvel eram sinais de entusiasmo pelo que diziam, que lhes bebia as palavras...

No Secundário e na Universidade, partilhei quartos com outras raparigas. Elas a adormecerem e eu a procurar posição propícia ao manejo silencioso; elas a irem à casa-de-banho e eu a usar as mãos com urgência; elas a chegarem e eu a engolir os gemidos que me apetecia lançar às golfadas, a tapar a cara para esconder os vestígios do êxtase.

Ainda hoje, no trabalho, nos restaurantes, nas bibliotecas — oh, a tusa das bibliotecas... —, quantas idas estratégicas à casa-de-banho donde regresso com ar de quem viu Nossa Senhora e ainda não acredita no que lhe aconteceu! Por vezes, sentindo-me ainda iluminada pela epifania, alguém se atreve a fazer o papel de Craft perante o rosto flamejante de Carlos da Maia ao receber a primeira missiva de Maria Eduarda: «O que tens?», «O que aconteceu?» Respondo consoante a disposição de momento: retoco o fond de teint ou digo com o tom mais natural do mundo: «Tive um orgasmo». Depois, quase tenho outro ao gozar a incredulidade de quem ouve esta pura verdade.

Fingir? Finja quem lê!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Comer

Méssaline adora comer. Mas não come qualquer coisa. Só iguarias, pitéus, gourmet.

O problema é que é preciso provar o produto para saber se merece esta distinção. Se a degustação confirma a suspeita, a premonição, então Méssaline saboreia, detém-se, repete, para que o gosto exquis lhe permaneça no palato, lhe inunde o cérebro de rememorações que lhe provocam um delicioso frisson e um desejo de mais, mais...

E como é cozinheira dada à experimentação, imagina variações de sabores, aromas, temperos prévios, tempos de confecção em fogo vivo e em fogo brando. Na primeira oportunidade, mete mãos à obra, vai apurando, vai dando voltas ao acepipe até que este atinja o ponto exacto de deflagração de sabores, o desabrochar pleno das suas íntimas suculências. Então, festeja o feito com um longo huuuum. Serve-se, convoca todas as terminações nervosas do corpo à boca e entrega-se à função com requebros de sacerdotisa (sacerdotease?). Não quer perder um grama, uma gota do manjar, um segundo do ritual alucinante. Sente-se transportada até ao sétimo céu, para o jardim das delícias, topos sem ubicação nem temporalidade, onde a ausência de gravidade a faz flu-flu-tu-aaar em suavíssimas ondas mornas.

Se, pelo contrário, a degustação infirma a suspeita, Méssaline, simplesmente, deita o alimento no contentor do lixo não reciclável. E prefere a fome, o jejum, a meter no seu corpo qualquer coisa. Tem de ser alimento raffiné. Pedante? Snob? Esquisitices do caralho, talvez.