sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Galdéria na galeria
[parte 1]

Era um sábado de chuva e propus que passássemos a tarde na rua das galerias.

Já durante o almoço à beira-mar, o vinho nos tinha soltado a língua e a libido. No percurso entre o restaurante e a dita rua, pediste-me para pôr as pernas sobre o tablier para as poderes percorrer com os olhos e com as mãos, sempre que parávamos num semáforo vermelho. A piça inchava-te e eu aproveitava para a sentir dura entre as minhas mãos. Ficámos tão excitados, que chegámos a falar num motel. Eu disse-te que iríamos depois das galerias.

Entrámos em todas e demorávamo-nos frente às telas que nos chamavam a atenção, tu por detrás de mim. Sentia-te o corpo quente, a respiração funda e a piça pronta. Esfregava-me no teu corpo e tu já nem vias as pinturas. Dizias-me que já não aguentavas mais e devíamos seguir para o motel.

Mas eu tinha um plano e estava disposta a cumpri-lo. Numa transversal a essa famosa rua, havia uma galeria que ocupava um prédio da primeira metade do século XX e conduzi-te para lá, apesar de me teres dito:

— Mais uma? Nem na rua principal está... Não deve valer a pena, vamos embora.

Mas em matéria artística o leme pertencia-me, por isso disse-te que tinha a certeza de que valeria a pena. Os poucos metros que andámos foram quase uma tortura, contigo a dizeres-me:

— Morro por entrar nessa cona. Não vejo a hora de me espetar em ti...

[Esta é apenas a primeira parte da história. «Galdéria na galeria» continua amanhã...]

3 comentários :

  1. Esta publicação é claramente ilegal! Duplamente ilegal, mesmo!

    Em primeiro lugar, é um texto incendiário, que só não põe em brasa quem não sabe ler ou se esqueceu algures da libido. Por isso, contraria (ou viola, como dizem os perversos dos juristas) a legislação sobre prevenção de incêndios.

    Em segundo lugar, deixa o pobre leitor em banho-maria, ou a cozer em fogo brando, à espera da continuação, numa tortura refinada, mas prolongada e dolorosa. Desrespeito dos direitos humanos, portanto!

    Fico a aguardar a segunda parte, para poder perdoar a Méssaline estas maldades.

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