domingo, 29 de setembro de 2013

Viagem à volta dos meus quartos

Méssaline precisava de dar uns pequenos retoques numa das suas casas. Foi sozinha? Obviamente que não. Por um lado, bem sabemos como os homens têm jeito para furar paredes, apertar parafusos, arrastar móveis; por outro lado, uma casa sem gente pode ser uma bela oportunidade para umas horas bem passadas. Que o digam as personagens do inspirador O Último Tango em Paris. Além disso, é preciso experimentar os materiais, ver se os móveis resistem a cambalhotas.

E ontem era dia de revisão do apartamento.

Entraram e a casa limpa enchia-se de quenturas estivais que acentuavam o exotismo da decoração. Começaram pela sala, com atmosfera vintage a puxar ao colonial. Ela abriu o baldaquino sobre o sofá império e naquele aconchego achou irresistível pôr-se de gatas e levantar a saia do tailleur fifties, oferecendo assim todas as possibilidades traseiras. Ele despiu-se num ápice e enfiou-lha bem no fundo. Menos de um minuto depois, já a cona se lhe retorcia em espasmos. Ocorreu-lhe que ele lhe devia um orgasmo, pelo menos um, em cada compartimento.

E passaram ao quarto em romântico inglês, com a cama de dossel. Ela deitou-se de pernas e braços abertos e chamou-o. Ele começou por um belo cunnilingus, facilitado por uma almofada de penas que ela colocara debaixo das nádegas. E ia orientando: «mais fundo», «agora menos», «morde os lábios, de lado», «enche-a de saliva». Ele quase sufocava no afã dos volteios e, para recuperar fôlego, ergueu a cabeça e agarrou-lhe a cona com uma mão só, puxando-a um pouco mais do que pareceria possível, mas que na verdade, não só não causa qualquer dor, como garante um prazeiroso orgasmo.

— Vamos para o quarto azul — disse ela.

A decoração mais juvenil apela à energia. Foi então que ela o deitou e lhe brochou o caralho até ficar retesíssimo. Abriu as pernas sobre ele, expondo-lhe as costas, pois sabe-o apreciador desta posição em que ele lhe pode apreciar as curvas e os meneios de anca, para além de ficar com uma perspectiva filmográfica sobre o entra-e-sai da piça no meio das nádegas abertas. Cavalgou-o como uma amazona, mas como gosta de se ver nestas aventuras, puxou o espelho, colocou-o em ângulo de modo a os dois poderem desfrutar: ele, da imagem real e da reflectida; ela, desta última. E como a entusiasma: a piça a parecer mais volumosa, a tusa de um pau espetado numa pêra. Sempre dialogante como ela gosta, que palavras são bom lubrificante da mente encandescida, mesmo que meras verbalizações do que se faz, quanto mais se de incitamento à cavalgada que lhe enche a cona de uma onda de espasmos. Só que estes jeitos de Valquíria atesoam-no demais e ele pede, de repente, para parar e passarem à la grande finale, no quarto vermelho, pois claro. A cama é de outros tempos e isso excita Méssaline porque gosta de imaginar os gozos que nela já foram gemidos. Pede-lhe que se deite, com os olhos vendados. Ela tira as cortinas leves e envolve-se nelas, segurando-as com uma rosa vermelha, no meio das mamas. Abre a túnica improvisada e deita-se sobre ele, apoiando-se-lhe no malho. Mama-lho com perícia, fazendo escorrer muita saliva pelo tronco rijo. Lambe-lhe os colhões, rodeando-os com a língua bem molhada. Ele está extasiado pelas sensações que o surpreendem porque não vê o que lhe vai acontecer. Então, ela exige-lhe o seu número preferido: que a monte por detrás, uma mão na anca, outra no meio das nádegas, com o polegar sobre a rosa, a massajar-lhe levemente a entrada do cu. Ela pede-lho fundo e forte e que não pare até ela se vir longamente. Depois, vira-se de frente para ele, fecha a túnica sobre as pernas e expõe-lhe o papo da cona, coberto das pétalas que arrancou à rosa.

— Vem-te aqui sobre a orquídea da minha cona, a relva dos pêlos e a rosa.

O quarto é uma festa de cores em que ela repara enquanto ele bate o pau para se vir: o vermelho carmim das paredes mergulha nas pétalas e sobe à cabeça da piça; a pele dourada contrasta com o branco do tecto que se derrama pela túnica que começa a ser irrigada com generosa dose de esporra.

Ó que colorido o jardim das delícias a que Méssaline chega no fim da viagem à volta dos seus quartos!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Vim, Dimas

Méssaline gosta de uvas, não podia deixar de gostar por serem fruto frequente nos banquetes romanos, sobretudo nos que eram seguidos de deboche.

É tempo delas e há que aproveitar as suculentas e doces. Uns preferem as mais duras, outros as mais bagudas, outros, as mais exquises. É o caso de Méssaline que prefere as moscatel. E como gosta mesmo de as comer?

Num piquenique de início de Outono, no meio da folhagem tinta de ruivos, amarelos e roxos, com a terra ainda fragrante de aromas estivais.

Assim esteve no domingo.

Sugeri a tarde no campo e levámos uma manta, almofadas, uma giga de uvas pretas e livros. A certa altura, tu disseste:

— Com este calor, apetece mas é foder.

Concordei, puxei a cesta e comecei a debicar bagos. Apanhava-os na ponta dos dedos, rolava-os e metia-os na boca. Eram bem boas, então arranquei um pequeno cacho que enfiei completamente na boca. Depois, passei a um cacho inteiro e comecei a comer às dentadas gulosas, com a boca cheia de bagos negros e de muito sumo.

Aquele jogo excitou-te e meteste-me um bago pela saia acima até à cona. Molhaste-a e eu perguntei-te:

— Queres um pouco de moscatel? Abre a boca.

Passei bago a bago para a tua boca. Trincávamos aquela consistência cárnea e lambíamos o sumo que escorria da boca de ambos.

Rebolaste-me vários bagos nas mamas e a cona palpitava-me pelo teu bago já bem maduro. Pedi-to com muita urgência porque sabia que mal entrasses dentro de mim, ouvirias aquele «HAAAAAAAA!» que me sai das entranhas quando me venho, que ficaria quieta para sentir as ondas que ao saírem do epicentro me amolecem o resto dos músculos de uma gostosa blandícia.

E assim foi. Só que eu virei-me de costas e pedi-te:

— Enche-me o cu com esse teu cacho e fode-me. Quero sentir-te os bagos contra as nádegas.

Ficaste em brasa e eu recebi o suco do teu racimo como gosto: a primeira golfada nas entranhas, depois contra as bordas, por onde escorria, leitosamente.

Disse-te que a vindima não acabava ali. Pediste tréguas por uns momentos. Deixei-te esta frase para te inspirar uma nova transpiração:

— Vou-te escolher os bagos mais pequenos para te brochar com a boca cheia deles.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse dado uma má foda.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões na cama.

E eu, tantas vezes mal entendida, tantas vezes insatisfeita, tantas vezes frustrada,
Eu tantas vezes escandalizada pelas incompetências amatórias,
Indesculpavelmente insaciada,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para continuar um coito desajeitado,
Eu, que tantas vezes me tenho sentido ridícula com sexo tão indigente,
Que tenho visto enrolar desculpas pudicamente nos lençóis do pós-cópula,
Que tenho recusado sexo arrogante, suportado jeitos medíocres e ignorantes,
Que tenho sofrido desaires que só posso calar,
Que quando não tenho calado, tenho aumentado o desaire mais ainda;
Eu, que tenho sido assídua no desastre da ejaculação precoce,
Eu, que tenho sentido o embaraço nos olhos dos amantes,
Eu, que tenho feito passar vergonhas a autoproclamados recordistas do pinanço,
Pedido para nunca mais me procurarem,
Eu, que, quando a hora da foda suspeita surgiu, me tenho escusado
Para fora da possibilidade da foda;
Eu, que tenho sofrido a angústia das indisfarçáveis disfunções erécteis,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Todo o homem que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um orgasmo abortado, nunca sofreu enxovalho na cama,
Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — da Fodolândia…

Quem me dera ouvir de algum a voz humana
Que confessasse não uma facada no matrimónio, mas uma nega;
Que contasse, não uma gabarolice, mas um fiasco!
Não, são todos Casanovas, se os oiço e me falam.
Quem há neste mundo bazófio que me confesse que uma vez fodeu mal?
Ó príncipes, meus aspirantes,

Arre, estou farta de machos centrados no seu orgasmo!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é exigente e azarada nesta matéria?

Poderão as mulheres não se terem vindo uma só vez,
Podem ter traído — mas má-foda nunca!
E eu, que tenho sido mal fodida mesmo sem ser traída,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que fui tantas vezes decepcionada, literalmente decepcionada,
Decepcionada no sentido erótico e pornográfico da decepção.

domingo, 22 de setembro de 2013

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Oh, le temps des cerises

Bem sei que já não é tempo de cerejas. Mas o calor lembra-me o dessa tarde de Junho, o melhor mês do ano, por trazer com ele as promessas do Verão e pelas tardes longas.

Convidaste-me para apanhar cerejas, essa dádiva aos sentidos: gama de vermelhos rosados até aos sanguíneos, luzidia, polpuda, doce e de dentada carnosa.

Levava um vestido boticelliano para que a mais leve brisa mo levantasse e para festejar a Primavera. Começámos pelas de baixo. Tu provavas e interjectivavas com entusiasmo: «Hum, que boas! Toma esta, que é doce e rija» e metias-ma na boca, olhos nos olhos. Eu contornei a cerejeira e apareci-te com os folclóricos brincos e disse-te: «Toma». Agarraste uma com a língua e prosseguiste pescoço abaixo até ao decote, onde despontavam duas, muito rubras. Comeste-as e mordiscaste-me os mamilos. De repente, gritei quando confundiste a textura da pele com a do fruto e mos trincaste. Recompus-me e voltei-me de costas. Pedi-te: «Queres comer estas?». Meteste a mão debaixo da saia até à cona, livre de cuecas. Meteste os dedos e tiraste a cereja encarnada e… molhada. Comeste-a e disseste que querias mais assim.

Subi para o primeiro gancho da árvore, colhi mais, enfiei-tas na boca, com os dedos, com os lábios. Mordíamo-las conjuntamente, devagar, delicadamente, jogo que só interrompíamos para nos livrarmos dos caroços, o que fazíamos ora com delicadeza, ora como lançadores de chamas, sempre com alegria.

Fui buscar a manta e as almofadas, enquanto colheste um bom punhado delas. Deitei-me, abri as pernas e perguntei-te se querias fazer um cherry cunnus. Pegavas no pedúnculo, rolavas a cabeça do fruto pelo folhado da cona, lambia-la e davas-ma na minha boca. Depois, pedi-te que as comesses dentro da galeria. Mostravas-te mestre. Esmagava-las com os dentes e irrigavas-me a taça com o suco vermelho. E depois sorvias o teu cocktail, fazendo-me orgasmar de-li-ci-o-sa-men-te.

Pedi-te que te deitasses e despi-te. A brisa abençoou-nos com uma lufada de seda. Peguei num par de cerejas e fi-lo rolar pelo dorso erecto da tua piça. Devagar, para apreciar as suas reacções subtis: pequenos movimentos, palpitações. Aquela textura macia e dureza semelhantes animavam-me. Meti uma mais pequena e bem sólida na boca e abocanhei-te o pau. Reagiste ao contacto da cereja mais fresca com a tua tora quente. Foi então que ta engoli até à úvula, trabalhando com a língua no fruto, movimentando-o aleatoriamente entre a minha boca e o teu falo inchante. Incitavas-me: «Continua, não pares». Interrompi para mudar o fruto já macerado e, com a boca, esfreguei-to sem parar, apenas alternando rodeios e meneios, com a língua e a rolante ajuda desta espécie de órgão sexual complementar. Disseste mais vezes: «Ah, não pares, continua».

Foi um sobe-e-desce de boca da glande até à raiz da piça, com mudanças de ritmo e de coreografia até te subir a seiva em jorro. Retirei os lábios para gozar o espectáculo do géiser. Depois, passei os dedos pelo líquido morno jacente sobre o teu ventre, meti-os na boca e comi a cereja, deleitosa, assim envolta em zabayon cream.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Eros meu, mente louca, foda ardente

Eros meu, mente louca, foda ardente
Em meu deleite os três se conjugaram;
O Eros e a loucura sobejaram,
Mas a mim faltava a foda claramente.

Muito fodi; mas tenho tão presente
O gran’ prazer das fodas já passadas,
Fodas tão boas como variadas,
Que quero só foder perdidamente.

Abri todo o percurso até meu ânus
E dei cona p’ra que piças inundassem
Com suas abundantes esporranças:

De amor não vi senão breves enganos.
Mas, oh! tanto dava, des’que aquietassem
A minha infinda fome de folganças.

sábado, 14 de setembro de 2013

Fim de tarde na praia

É o fim da tarde, há poucas pessoas na praia. Chego, é a minha hora preferida: pela temperatura da água, a calma do mar, a ausência de vento, o quase silêncio de tão pouca gente. A uns metros de mim, uma silhueta deitada, imóvel. Um jovem moreno de olhos cravados no meu corpo. Olhos de morrer: grandes, profundos, escuros, perseguidores. Atiro-me à água com sofreguidão. Uma mão de seda fresca desliza-me pela pele. Não consigo evitar a atracção daqueles olhos. Lá estão eles, esfíngicos. Dou umas braçadas, olho em frente. Os últimos resistentes desertam o areal em pequenos grupos. Fixo o paredão defronte para evitar o olhar que sinto espetado nas costas. Volto-me, lá está ele. O corpo na mesma posição, o enchumaço já indisfarçável. Nado, provo a água salgada e antegozo o sabor daquele volume de carne visivelmente crescente. Esfrego os lábios um contra o outro, resvalo por eles a língua, saboreio a sensação e continuo a nadar. Volto-me de frente para o meu observador que permanece imóvel e me fita. Dirijo-me à praia, passo pelas ondas que se expandem em largos lençóis de espuma. Mergulho o corpo nela para desfrutar o frémito borbulhante. O sol passa tudo por uma demão de ouro: aquele corpo moreno, a superfície da água, a minha pele. Não me apetece abandonar o jogo e detenho-me com a rebentação espumosa. Correm-me gotas douradas pelo corpo e isso causa-me vertigens a que me entrego inteira. O meu observador levanta-se e dirige-se a mim. O coração sobe-me à boca.

— Está boa, a água?

— Muito agradável.

— A esta hora é sempre melhor.

— Eu também acho, por isso venho sempre no fim do dia.

Para nos ouvirmos melhor, aproximámo-nos. Os seus olhos queimam-me por dentro, a voz de veludo e a visão dos músculos definidos afiam-me a vertigem. Olho-o como quem quer saber exactamente o que se está a passar. Ficamos assim escassos instantes que se dilatam demasiado. Digo:

— Quer vir nadar? Não gosto de nadar sozinha.

Nadamos bastante lado a lado, saímos da água. Procuro a toalha para me deitar, ele traz a sua para junto da minha. Os seus olhos procuram sempre os meus, as mãos tocam-se sem ser por acaso. Paro e fito-o, desta vez, demoradamente. Deslizo as costas da mão pela sua pele. Que fresca e macia! Desço a mão até ao sexo. Que duro e quente! Ele assalta-me com um forte abraço e rebolamos na areia deserta. Os cabelos desgrenhados, os olhos presos uns nos outros, as bocas coladas.

— Para onde vamos?

— Para minha casa.

— Estás cá sozinha?

— Não, mas saíram todos. Espero-te naquele edifício, no 4.º F.

— Não tomes banho.

Corro da praia. Quem me visse, julgaria que fujo de uma ofensa sua. Mas tenho é um tropel no peito e no sexo. Galgo as ruas, entro em casa, arranjo a cama desfeita, troco o fato de banho e a saída de praia por um negligé, preparo chá quente e gelo. Tocam, abro a porta, caio naqueles braços vigorosos que me levam ao colo para o quarto aberto e me atiram para cima do leito. Bocas, línguas, mãos, saliva, ofegâncias, gemidos, e já entra em mim um pau rijo. Fodemos com fome feroz. Descreve tudo o que faz e vai perguntando:

— Gostas que te foda assim? Queres mais? Tens falta de piça ou és insaciável? Há quanto tempo não fodes?

Louca de prazer, ordeno-lhe que se deite, abro uma gaveta donde retiro uma venda, ponho-lha, mordisco-o nas orelhas, no pescoço, nos lábios. Excita-me o seu corpo que geme e treme ao comando das minhas carícias. Fica mais belo assim nu, vendado, exposto, disponível, com a dureza da piça a bradar por mais. A exposição de tanta beleza e daquele falo ardente à minha mercê desperta-me instintos obscuros onde se misturam confusamente carinho, dominação, fascínio. Expludo em avisos com a urgência de um desesperado:

— Vou chupar-te essa piça até me adormecer a língua. Vou montar-te até te esgaçar esse caralho divino. Vou foder-te até te rebentar os colhões.

Ele agita-se, perdido de tusa, oferece o corpo todo à selvajaria do meu desejo. Pergunto-lhe se tem sede. Sorvo um gole de chá quente e salpico-lhe o corpo. Contorce-se a cada gota porque não sabe onde vai cair a seguinte. Pergunto-lhe se está muito quente. Abocanho um cubo de gelo que lhe meto pela boca abaixo. Geme de gozo e de surpresa. Quer que continue, recuso-me. É essa a maneira de o castigar. Não estou ali para satisfazer os seus desejos, mas os MEUS. Ele está ao meu serviço, é meu escravo. Digo-lhe tudo isto e que se não quiser continuar que se vá embora. Ele não tem dúvidas de que quer avançar, a curiosidade açula-lhe o falo granítico. Dou-lhe mais chá, desta vez borrifando-o no corpo. Grita ao sentir aquela chuva quente, dou-lhe mais, mas em esguichos. Quero saber se está demasiado quente, faço escorregar um cubo de gelo pelo seu corpo arquejante. Pergunto-lhe:

— Estás a gostar? Diz-me se já alguma puta te fodeu assim. Estás quase a vir-te? Ah, não podes, ainda, porque eu não quero. Ainda hás-de dar muito prazer a esta cona antes de desafogares os colhões. Aqui não se fode assim. Montares-me e vires-te. Aqui, vens-te quando eu quiser.

Ele vibra, freme de gozo de tal maneira, que só lhe sai uma palavra que repete ritmicamente:

— Ah, puta, puta, puta…

Acaricio-lhe o períneo, o seu par de testículos, belo como os de um antigo atleta olímpico, aperto-lhe as sublimes nádegas. Retiro-lhe a venda e peço que me foda pela frente, com toda a força que tiver, até se vir na minha cara e boca. Alça-me em nuvens de prazer, em espasmos que me saem da cona, me correm pelo corpo, me desaguam nos braços, subitamente pesados de langor, de volúpia. Sinto-lhe um aumento de tensão insustentável na piça e percebo que é a detonação. Retira-a do meu corpo, ergue as pernas, curva-se sobre mim e explode aquela bomba de esporra na minha cara e na minha boca aberta para lhe acolher o néctar divino. Saboreio-o gulosamente, espalha-mo pela cara e mamas, lambo-o como quem degusta uma iguaria requintada. Abraça-me e pergunta-me:

— Como te chamas?

— Saberás se voltares a foder comigo. Até ao fim do mês, vou ao mar todos os fins-de-tarde.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Fornicografias

Traço, sozinha, no meu gabinete de engenheira, o plano.
Firmo-me, aqui isolada, na proposta de uma foda de arromba
Para apresentar ao chefe.

Ao lado, acompanhamento banal,
O taque-taque estalado do sofá contra a parede.
Que monotonia esta cópula alheia!
Que seca esta regularidade!
Que bom não foder assim!

Outrora, quando fui outra,
Eram só cavalgadas em castelos e cambalhotas com pajens.

Outrora, quando fui verdadeira ao meu sonho,
Eram grandes vikings do Norte, fodilhões até aos cornos,
Eram grandes machos do Sul, de opulentas vergas.

Outrora.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
O taque-taque estalado das tábuas no martelanço.

Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos com sexo a sério,
E que continuamos sonhando, adultos, num substrato de lençóis;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com os beatos e os betos,
Que ou não fodem ou acasalam com a convicção de quem pica o ponto,
Aquela em que acabam por nos meter a pudicícia na cabeça.

Na outra não há pudicícias, nem polícias do fornício,
Há só ilustrações pornográficas,
Grandes livros coloridos, para ver às escondidas;
Grandes páginas a cores para recortar e fazer punhetas.
Na outra somos nós,
Na outra vimo-nos;
Nesta mirram-nos os pitos e as piças, que é o que viver assim quer dizer;
Neste momento, pela tusa, vivo na outra...

Mas ao lado, acompanhamento previsível,
Erguem os gemidos dos que se estão a vir banalmente,
Coro a que a minha cona se junta, mas viciosamente jubilosa,
Ao executar o plano de pinanço com o chefe,
Que já me agarrou pelas ancas e me empurrou contra a parede.
E começa o trás-trás do lado de cá.

Ah, agora como outrora.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A rapariga do sautoir

Subias o Chiado e olhavas para todas as passantes, cheio de vontade de desenferrujar o malho maltratado pela penúria da província. De súbito, debaixo de uma arcada, a subir uma escada, viste uma nuca que se inclinava muito para trás para ver melhor a rua. Reparaste nos olhos muito delineados, na boca-coração, no cabelo à la garçonne, num longo colar de pérolas brancas que aquela rapariga enrolava nos dedos, olhando para ti. Desapareceu pelas escadas, tu estacaste, disposto a esperar até ao outro dia para a reveres. As longas horas deram para que cravasses toda a imaginação numa foda com ela. Imaginavas alguns pormenores, mas mesmo em modo vago, o pau inchava-te sem remédio. Chegaste a pensar ir aliviá-lo numa casa de banho ou com alguma das putas que passavam e se te ofereciam.

Ouviste uns tacões e a piça sentiu um solavanco que quase se vinha. Sim, era ela. Fechara a porta à chave, descia as escadas e, rindo alto, vinha de braço dado com um felizardo qualquer. Olhaste-a, ela viu-te. Reparaste no colar de pérolas que desta vez estava solto e balançava muito acompanhando o passo dançante do corpo. E ela ria, ria muito e olhava-te.

No dia seguinte, lá estavas tu: coração e piça aos pulos. Bateste à porta. Ela veio a correr, apenas com um cache-cœur e com o colar. Ficou embaraçada. Disse-te que estava ocupada, que esperasses um pouco... se fazias muita questão. Claro que esperavas o que fosse preciso. Ouvia-la rir e isso excitava-te ainda mais. Precisavas de te distrair para aguentar a dor no nabo reteso.

A certa altura, silêncio e daí a pouco a voz dela, certa de que tinhas ficado à espera: «Podes entrar». Galgaste as escadas e deste contigo num quarto espaçoso, nitidamente preparado para a função. Espelhos, sofá lânguido, lençóis desfeitos. Ela estava nua, mas tinha o colar e chamou-te. Desapertou-te as calças e mamou-te supinamente. Enrolou o colar à volta do teu pau e engoliu-o assim, fazendo deslizar suavemente as fiadas de pérolas. Deitada de costas, enrolou o colar à volta das mamas e convidou-te a seres imaginativo. Foi mamilo entre as pérolas, pérolas a rolar sobre o peito, uma confusão que se ordenava logo que se pegava numa ponta do colar. A certa altura, ela meteu as pérolas todas na boca e começou a tirá-lo lentamente, enchendo-as de saliva. Perguntou-te se querias que as metesse na cona. Nem sabias o que querias. Querias era ver e evitar afogares aquelas pérolas todas com o teu desassossego leitoso. Ela meteu parcialmente o colar na sua gruta e ordenou-te: «Ó meu caçador de ostras, vem aqui colher as pérolas». Obedeceste e nem sabias já que pérolas sugavas. Ainda bem aberta, pediu-te que entrasses no meio do colar. Quando o fizeste, bem fundo, ela indicou o início do vaivém fazendo uma anilha de pérolas cruzada sobre o teu caralho incrédulo. Sentiste um ligeiro aperto que te chegou à raiz do escroto e ia tudo acabando ali. Ela percebeu e parou um momento. Virou-se de costas e estendeu o colar no vale entre nádegas. Pediu que o fizesses resvalar lentamente, completamente, de uma ponta à outra.

— Mais depressa, mais, agora, enfia-me essa verga rija no meio do colar até à cona e não pares até eu me vir.

A custo satisfizeste os desejos da tua Louise Brooks, e sentiste um aperto na piça, uma onda que lhe subiu da cona pelo ventre até ao rosto que se afogueou.

— Quero mais — pediu-te ainda ofegante e esbraseada. — Repete o número, mas no cu.

E levantou a garupa exibindo-te a geografia para que te orientasses. Montaste-a incitado pelos seus gemidos, gritos e perguntas retóricas: «Gostas de foder com pérolas, gostas?» «Agora dá-me o teu nácar nas mamas».

Ó pedido divino, mesmo na hora! Viraste-a, ergueste a membro e deste-lho em repuxo, intermitente: pérolas sobre pérolas.

Dois dias depois, voltaste para mais uma sessão. Mas ela estava ocupada. Havia mais caçadores de ostras. Marcou-te rendez-vous para dali a uma semana.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Sete anos a segóvias Jacob servia

Sete anos a segóvias Jacob servia
Labão, pai de Raquel, gaja mui bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que com ela fornicar só pretendia.

As noites, na ’sperança de uma queca,
Passava, contentando-se a batê-las;
Porém o pai, usando de cautelas,
Em lugar de Raquel lhe dava leca.

Vendo o teso pivieiro que co’ enganos
Lhe era negada a greta da sedutora,
Como se incapaz para a missão,

Recomeça a punheta outros sete anos,
Dizendo: — Mais tocara, se não fora
Pera tal tusa tão calosa a mão!

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Prefiro o peito, meu amor, à boca


Meu cavaleiro,

Eis os motivos pelos quais esta vossa sócia de luxúria prefere que derrameis os vossos esporrágicos fluidos sobre o seu peito em vez de na boca.

No momento exacto do vosso jorro múltiplo, à vossa parceira agrada-lhe — sobremaneira lhe agrada, garanto-vos — fazer do seu colo a foz do vosso íntimo rio. É uma oportunidade de acumular os prazeres gustativos, tácteis e visuais potenciando o gozo extremo. É que a esta vossa amante apraz-lhe ser espectadora do assomar do vosso leitoso eflúvio, seguir-lhe as imprevisíveis trajectórias barrocas, depois da ansiedade da espera, esporeada pelos olhares e pelas palavras incitadoras — tão caras como porcas — próprias desses pináculos do êxtase. Além disso, deste modo diferido, a quantidade que, depois, por sua própria mão, espalha sobre as papilas gustativas, é suave, tornando o sabor delicadamente amargo em vez de acre, como acontece quando lançado golfosamente no íntimo da cavidade oral.

Quanto à preferência sobre a vossa emissão no interior da sua cona, a vossa amante esclarece: a sua preferência pectórica não exclui a vontade, e até o empenho, em uma vez ou outra receber o vosso prateado fluxo nas sua entranhas, sobretudo se ela estiver, ao mesmo tempo, com as palpitações que o vosso membro lhe provocam ao final de um certo período de investidas competentes. Se é certo que se perde o prazer visual, alcança-se o consolo primordial das coisas mornas e molhadas, numa zona exclusivamente acessível pela vossa nobre piça.

De momento, nada mais tem a acrescentar à explicação das suas preferências quanto ao vosso modus e locus ejaculandi. Contai, ginete eleito desta garupa, com a mais aplicada atenção às inclinações do vosso belo e saboroso malho.

Daquela que transitoriamente convosco fode e que pelo vosso leite anseia, agora e na hora da nossa cópula ardente. Assim seja.

Méssaline Salope