domingo, 28 de setembro de 2014

Happy Méssaline

Chegou este fim-de-semana às bancas o número de Outubro da revista Happy Woman. Nas páginas 152–153, a jornalista Carla Novo traz-nos um artigo sobre blogs eróticos portugueses, entre os quais esta Boîte à cochonneries à moi. A ler. E a acreditar com moderação. B)

Happy Woman,Outubro 2014, págs. 152-153

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

SMS: Short Message Sex (3)
Perpétuo movimento

Mensagem de Méssaline:

Sexta-feira, 13:53

Há na minha vida uma contínua insatisfação. Um perpétuo movimento para a frente, em direcção ao que não está ao meu alcance imediato. Até os abismos me atraem perigosamente. É assim. Farejo o desconhecido, o inaudível ainda, o estranho, o diferente, com o interesse de um cão faminto. Procuro algo que me arrase os sentidos, que me transborde dos membros, que me faça sentir ave. Procuro-o em todo o lado e já o vislumbrei na solenidade de uma paisagem, na selva de um olhar, num sorriso cúmplice, nos músculos incríveis de um felino, no olhar de um cão, nesse qualquer coisa que estala por dentro perante a exibição da arte.
Encontrei-o, completamente definido, nos últimos dias, nos teus braços e nas tuas palavras.
Mensagem d'Ele:

Sexta-feira, 14:05

Ai, Méssaline, minha paixão! É destes raios de sol que sobrevivo ao meu dia.
Ia entrar no e-mail e, apesar de estar a trabalhar, só pedia que estivesses online, para poder trocar contigo umas palavrinhas! Está a ser tão difícil concentrar-me seja no que for que não seja aquilo que eu e tu sabemos que é.............
Infelizmente não estavas online, mas o meu coração começou a bater mais rápido quando vi que tinha uma mensagem tua.
Conto os minutos para me te (?) entregar, todo, pleno, apaixonadamente. Só sendo teu SOU.
Até logo.
AMO-TE, AMO-TE, AMO-TE!
<3

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Voyage, voyage (8):
(h)Eros, bibere a me

(parte 7)


Deixo o general e a Messalina de outrora a posarem para o estatuário e entrego-me ao engenho e arte cunnilinguíca do Marcello.

Inicia o prefácio com uma frase de surpresa e agrado: «Humm, come sei lubrificata!» Segue com outra soprada, e as pétalas da orquídea abrem-se àquele suave e quente zéfiro. Depois, um período de metáforas, tiráforas, metonímias, tironímias, em regime redundante quantum satis. Toda esta retórica da língua esporeia o animus conal, abrindo mais, molhando mais — já me sinto no céu... da boca dele — é a abertura do Acto I, a busca da pérola que, uma vez encontrada, há-de ser tratada a toques, escorregamentos, leves e breves sucções, tudo feito com empenhada aplicação. Entusiasmo-me, fricciono a cona sobre a sua boca, percebo que precisa de ar, paro, até porque também me sinto entontecida. Encerra o acto passando os lábios ora numa ora noutra face interna das coxas, com uma brandura e um tempo musicais. Eu quero passar de imediato para o Acto II, que me penetre até ao fim, até ao fundo, sentir o tronco da piça subir-me ou descer-me — nem sei onde estou, como estou. Mas ele, detém-me:

— Aspetta, aspetta un po di piu!

Abre o acto seguinte com um ballet de dedos, primeiro em pontas, depois em movimentos mais incisivos, insiste quando sente as minhas preferências. Vai perguntando se gosto e de que gosto mais. Aturdida, respondo em monossílabos. Peço-lhe que me agarre a cona toda com a mão, que ma aperte entre os dedos, para que a sinta palpitante como um animal vivo, que me morda os dois lábios ao mesmo tempo, para o que é preciso perícia, mas estou perante um mestre dos verdadeiros. Exorto-o para que mo faça até ao limiar da dor de que lhe darei sinal e... venho-me na sua boca... Todo ele é uma personificação, uma aleg(o)ria da tusa pura. Ah, quero fodê-lo até se vir. Sento-me nele, sentindo-lhe cada cen-tí-me-tro. Aaaaaah! Cavalgo-o com uma volúpia a percorrer-me as veias, a desaguar-me nas mãos até as deixar dormentes.

Se, quanto ao epílogo, melhor é experimentá-lo que contá-lo, quanto à repetição dos actos ao longo dos dias com o Marcello...

Não se enrede o enredo neles
que sentidos são ainda eles
só de revivê-los
ai, pecadores!

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A vida de Méssaline

Por estes dias, começam os caloiros a chegar às universidades. Talvez por causa disso, recuperei do poço da memória, para minha própria surpresa, a letra de uma canção autobiográfica que escrevi nos idos em que também eu era caloira e aprendia a adaptar-me a uma nova realidade: cidade grande, controlo parental nulo.

A letra deve ser cantada ao som do tradicional “Mal-me-quer, Bem-me-quer”. Perdoem uma certa infantilidade do tema e da versificação, bem como a jovial desfaçatez — a juventude explica muito.



Cheguei um dia à FEUP,
Era caloira e tremia,
Mas já então o meu charme
Muito coração partia.

Apareceu-me um “engenheiro”
Que queria ver se me assustava,
Mas passado pouco tempo
Já aos meus pés ele se ajoelhava.

Não tenho culpa se sou
Uma moça tão jeitosa,
Nem que haja por aí
Tanta engenheira horrorosa...

Lá vem mais um engenheiro
Que por mim ficou apaixonado.
Vai com calma, engenheiro,
Primeiro há que ser seleccionado.

A vida de Méssaline
É uma vida atribulada:
Não é fácil habituar-se
A ser-se assim desejada.

Desta vez foi um “doutor”
Que não resistiu aos meus encantos.
São Fornício, o que é que eu faço?
Não pensei que pudessem ser tantos!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Oscaralho for the best “quickie” ever

O nome Ralph Fiennes no cartaz é um bom argumento para Méssaline escolher o filme.

Aquela voz melíflua a arrastar mistérios adensados pelo olhar quase vazio de tão cinzento, o toque aristocrático nos gestos suspendem a respiração. Mas onde ele aparece mais convincente é na cena do “Happy Christmas” d’O Paciente Inglês. Aprendei, homens de fraca vontade e de habilidade nenhuma para uma rapidinha («aqui não, pode aparecer alguém», «ali também não, que não dá jeito»). Reparai nas palavras que convencem a partenaire, na elegância com que lhe tira a flor-laço-broche, no modo rituálico como a despe, no polegar na boca dela — uuuuuuh... —, nos beijos de fome. Que belo presente de Natal!

Reparai que o essencial acontece: a concentração de todos os elementos de uma boa foda em escassíssimo tempo, dando que fazer a vários órgãos sexuais, incluindo o cérebro. O resultado? Uma insustentável vontade de foder maaaais, muuuuuito!

Vai para ele o Oscaralho desta segunda edição.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Voyage, voyage (7):
Messalina in Villa Jovis

(parte 6)


A preparação do jantar teve o erótico acompanhamento da degustação do vinho e o desafio da improvisação de um menu atractivo usando apenas o pouco que havia na despensa e no frigorífico. No sofá da varanda, com o som do mar em adágio, pergunto ao Marcello:

— Com’è Villa Jovis?

— È a Anacapri, la villa preferita di Tiberio, dove è stato per gli ultimi anni della sua vita. È bella, ma in rovina.

— Humm, mi piacciono le rovine romane...

Puxo-o para mim e provoco-o:

— Eu sou a tua Messsalina do século I, uma cortesã, e tu um legatus, um general de visita a Capri para dar notícias das legiões ao Imperador.

— Che ruolo difficile, che pericoloso.

— Eu guio-te. Acabas de chegar ao átrio da villa; Messalina, que soube da tua vinda, passa para ver o homem das proezas castrenses que mantêm o Império. Ela e mais umas tantas com a mesma curiosidade e apetites.

— Ma io vedo solamente Messalina.

— Sim, porque te lançou olhares concupiscentes. Quando reparaste nela, afastou-se com passos lentos, e amplos, para justificar o gesto de levantar um pouco a túnica de lado.

— Si e dopo...

Os lábios do Marcello pousam-me beijos suaves como penas ao longo dos braços, tangendo as cordas da minha caixinha de música.

— Depois, entras nos aposentos do severo e caprichoso Tibério.

— E che cosa fa Messalina?

— Retoca o penteado, prepara-se...

O Marcello procura a minha boca e beija-a com ânsia. Reclino-me e sinto o pau duríssimo, quente, retiro-lho das calças, toco-o com blandícia, ele faz um gesto em que adivinho o desejo de se despir. Imponho calma, continuo:

— A entrevista correu bem, deste boas novas ao Imperador, caso contrário, defenestrar-te-ia para a falésia. Estás animado pelas honras que te esperam, pedes vinho. Messalina apercebe-se e ela mesma to serve com lentidão solene, fitando-te as mãos, sentindo o teu olhar a passear-lhe pelo rosto, pelos ombros descobertos.

Sorvo um trago de vinho branco, bebo um pouco e transfiro o resto para a boca do Marcello. Prossigo:

— Ao passar-te a taça para a mão, roça-te nos dedos, olha-te nos olhos e roda sobre as sandálias com um súbito pudor... fingido. Tu agarras-lhe o braço.

— Si, no voglio Messalina lontana da me.

E aperta-me num abraço longo, procura-me a boca. A língua dele interrompe-me a narração. Com dois dedos toco-lhe nos lábios para o deter e pergunto-lhe se quer saber o que Messalina fez ao general.

— Si, voglio sapere tutto, ma questa è una cosa...

— Ela desce o olhar e vê-o tumefeito, assim como te estou a sentir agora na minha mão. Um impulso vindo das profundezas do seu íntimo impele-a a conduzi-lo para um recanto, levá-lo para uma banqueta, encher a sua boca com o sexo dele, como quero agora mesmo.

E faço-o, sentindo o prazer dobrado: o meu, real, presente, e o imaginário, do século I, da Messalina romana. Paro, ergo o tronco e deslizo os dedos pelo corpo generoso da sua piça, olhando-o. Hesito entre continuar sentindo na mão aquele membro soberbamente granítico, mas de cetinoso toque, e sujeitá-lo aos tratos da minha língua. Porém, invade-me uma súbita obsessão: sentir a piça nas mamas, para o que lha agarro, passeio-a por elas, massajo os mamilos com a glande, cuja suavidade e magnífico desenho lembram um botão de rosa a desabrochar, oh, mas muito melhor, porque quente, húmida, animada, útil...

— Come ti piace? Piano o forte?

— Ambedue, e a Messalina?

— Messalina volta a inclinar-se sobre o seu vitorioso general, solta as fíbulas da lorica musculata, aperta-lhe a pele do peito arfante, em leves beliscos, descendo, descendo... Na Villa Jovis está calor, como aqui, Messalina toma um grande golo de água, refresca a boca e verte o resto sobre o ventre nu do general.

— Dell’acqua fredda? È un po... controproducente, no?

— Com tanto calor, não. Queres sentir?

Encho a boca de água e provo-lhe que tenho razão. O Marcello lança um «ahhh!» de surpresa, suspira e diz:

— Humm, ma è buono!

Apanho a água que ainda o molha com langorosos e fruitivos movimentos de língua. Paro e volto ao século I:

— Messalina quer sentir o aríete do seu general a entrar-lhe no corpo, até ao fffundo, até a entontecer, até...

— Ma primo il tuo generale vuol mangiare la tua figa.

Ah, que boa lembrança! Vamos então ver se os combates por montes de Vénus, se as passagens pelos jardins da deusa calipígia tornaram este miles maximus num verdadeiro eruditus.

Messalina levanta-se, ergue a túnica e abre as coxas que faz descer até ao rosto — do general romano? do Marcello?


(continua)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Voyage, voyage (6):
Il Paradiso

(parte 5)


Entrando no jardim, abraçamo-nos com um ímpeto que quase nos derruba, não fosse o amparo de uma palmeira. O calor cresce sobre o estribilho das cigarras, o sol exacerba o fúcsia das buganvílias. Recompomo-nos e o Marcello tenta abrir a porta, agarro-lhe nas mãos que se atrapalham, rimos. A porta abre-se sobre um espaço completamente amplo, dando protagonismo a objectos e mobiliário mínimos, tudo despojadamente branco com relâmpagos dispersos de azul. Reparo numa taça de fruta, escolho uma grande maçã vermelha, ofereço-lha:

— Il frutto del Paradiso!

— Vuoi essere Eva o Beatrice?

Eva, claro, mas preciso de um banho. Uns minutos depois, apareço nua, com a pele ainda húmida. O Marcello serve água com folhas de hortelã e limão.

— Benvenuta a questo mio modesto ritiro!

E enquanto ele toma banho, eu verifico como uma casa “modesta” de um arquitecto italiano é a revelação pura do sentido estético ímpar deste povo, e ergo um cacho de uvas negras, graúdas, melífluas. O Marcello aparece metamorfoseado em Adão e meto-lhe uns bagos generosos na boca, timbrando a cena báquica que o ambiente me suscita e cujo guião se desenrola já na minha mente, em versão revista e adaptada a este cenário com o Mediterrâneo ao fundo, agora cheio de uma cintilação tão cinética que mais parece própria de ser animado, talvez de um peixe colossal de escamas inquietas. É exactamente isto que digo ao Marcello quando volto a cabeça para o mar, no primeiro intermezzo, enquanto ele dissemina beijos pela minha pele suada.

— È vero! È un pesce, un pesce buono il giorno e molto cattivo la notte. Questa sera te va a mangiare tutta, Messalina.


(continua)