(parte 1)
Encosto-me à porta, a uns quatro metros dele. Fico ali por alguns instantes, observando os tigres que saltam nos seus olhos. Aproximo-me, enlaço-lhe os pulsos com as minhas mãos, ensaio um pas de deux em câmara lenta. Repito a ordem:
— ¡Dime lo que sientes, lo que quieres hacer!»
— Quiero... qui-e-ro... hum...
Arranco-lhe a roupa e já as línguas se soltam em fúria pelas colinas, torres, vales, rios dos corpos-mapa-múndi. Redemoinham bocamamilos, bocapiça, bocacona, bocadedos que se afundam grutabaixo, se alçam estalagmitacima, estalam ronronanços deleitosos, dédalos minetáuricos, arroubos feláticos, multiosculamente, amarramplexicamente. Encabriolam-se, piruetam-se membros volutos, penetrantávidos, metecúnicos.
— ¿Que quieres tú? Así? Hum...
— Sí... sí... ¡Qué bien que lo haces!
— No pares, ¡dámelo todo!... Hum, describe en tu lengua lo que estás haciendo.
Reduzimos frases a interjeições, palavras a sílabas, a ofegâncias saliváticas, em contracurvas, num vórtice abissal-avassalador, em denunciadora panglossolalia.
Passos no corredor impõem-nos tréguas. Mergulhamos num súbito silêncio, só se ouve o tamborilar do coração nos peitos suados. Os passos não cessam, aproximam-se. Ainda bem que o Verão permite cobrir os corpos num ápice, mas não absorve o rumor de movimentos rápidos. Disfarçar emendará mal o soneto. Levantamo-nos dos grossos tomos jacentes, entra o segurança.
— El reglamento no permite...
— ¿Donde está escrito que no se puede follar aquí? ¡Enséñemelo, por favor!
— Señora, le digo que esto no se puede hacer...
— ¡Vaya con Dios, señor!
Saímos, mal refeitos da intromissão e, mudos, trocando sorrisos e carícias discretas, dirigimo-nos à sala de leitura tentando reatar o cogitus interruptus.
Ajudai-me, santos da paciência, deuses da contenção, reuniu-vos em consílio urgente, decidi a favor desta cona não saciada!
Há desfolhadas com muito encanto!...
ResponderEliminarPor otro lado, a lo mejor (a lo peor...), ¿"desfollada" = "no follada"?...
Eliminar¿O "virgen de nuevo"?