sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Urgência

Engana-se quem cuida que Méssaline, pássara migradora que é, não se apaixona. Méssaline apaixona-se, sim — porque Méssaline sente tudo intensamente, do fundo da cona ao mais profundo do cérebro.

Que urgência em escrever-te, meu amor! Que vontade de transformar estas breves palavras em mil bocas, em outras tantas línguas e braços para celebrar o teu corpo!

Em cada minuto que a vida me concede de repouso dos meus afazeres, a tua ausência impõe-se, paradoxalmente, numa presença contínua, que não sei se da espécie dos anjos ou dos demónios: vem, ora de leve como quem pousa, ora violenta e rápida como uma espada, instala-se-me no peito, consome-me a alegria numa saudade que se me infiltra no sangue e toda eu raivo por ti, numa explosão de desejo em que sinto o alvoroço de mil cavalos desabridos. Torno-me uma ponte entre a memória dos momentos passados nos teus braços e a ânsia por aqueles em que me hás-de sossegar raivas, anseios e explosões com o teu olhar, com os teus braços e com a tua pele toda, sob um tumulto de sílabas, suspiros, palavras rolantes, palavras gemidas e palavras que rebentam em gritos onde pulsa transparente o coração do nosso desejo.

Sem comentários :

Enviar um comentário