sexta-feira, 4 de abril de 2014

Underground fucking

Tínhamos chegado de um passeio em grupo por Paris, tu sempre em posição de me penetrares com esses olhos magníficos com que Deus — ou, vá lá, São Fornício — te abençoou. Eu não agia como quem não se apercebe, não entrei nesse jogo de quer-e-não-quer de dama cortês, de mulher a fazer-se difícil para afastar aparências de oferecida ou para seguir ditames de naturezas fêmeas que assim atiçam o macho. Não é a minha cara. Eu olho, aprecio, gosto, mostro-o e depois logo se vê. Foi o caso. Correspondi-te aos olhares com as mesmas delongas e insinuações. Mais, no intervalo para um café, escrevi-te um bilhete a dar-te instruções: «No hotel, desce à garagem». Havia revistas no café, abri uma, aproximei-me de ti e indicando uma fotografia de página inteira de Fontainebleau, disse-te:

— Olhe só este palácio, aqui viveu Napoleão, não quer ir vê-lo amanhã?

— Tem graça — respondeste de imediato, aproximando-te —, é um dos heróis do meu panteão pessoal.

E agarraste no papel escrito no meio da página.

Eu fiquei o resto do passeio a apreciar-te as reacções, a gozar o teu antegozo. Sempre que os movimentos do grupo me permitiam, punha-me atrás de ti, para te apreciar o belo par de nádegas e a cintura de toureiro, ou à tua frente até sentir a tua respiração na minha nuca ao roçar-me de leve no teu corpo. Já estavas perdido de todo, era evidente a tua ansiedade pelo fim do passeio. A minha, se não era evidente, era sentida, profundamente.

O tempo de autocarro até ao hotel pareceu infindo, o trânsito de uma lentidão a pedir insultos. À chegada, vi-te apanhar o elevador, quis confirmar, descias. Entrei noutro elevador, para ir ao quarto trocar as calças por uma saia e tirar as cuecas.

Desci para ir ter contigo, mas não te via. Chamaste-me para um canto escuro que parecia fora do alcance das câmaras de vigilância. Atirei-me à tua boca com ferocidade, desapertei-te a camisa, abri-ta para ficares com o peito livre para as minhas mãos, boca, dentes. Tu dobraste-te subitamente e enfiaste-me a língua na cona. Suspendi-me numa barra de ferro, ali posta, talvez, pelo meu padroeiro. Elevei-me e pus as pernas à volta do teu pescoço. Entrámos numa espécie de valsa contemporânea em que o meu corpo se contorcia seguindo os movimentos da tua língua. Entre gemidos abafados, num intervalo para recobrares fôlego, murmuraste:

— Adoro o teu cheiro, quero engolfar-me mais um pouco no teu sabor. — E voltaste a lamber, a morder a cona.

De repente, puxaste-me para baixo e cravaste-me o teu duríssimo pau. Ó deuses dos recantos obscuros! Ó santos da tusa brusca! Agarraste-me na anca para a coreografia do vaivém, pas de deux divino.

Entrou um carro, parámos e baixámo-nos para nos abrigarmos dos faróis. Agora, a ânsia consumia-se nas bocas esmagadas, lambuzadas. O automóvel manobrava para estacionar, nós, quietos de corpo, tu com uma mão a apoiar-me as nádegas e outra a passear-se-me pelas mamas, a apertar-me os mamilos hirtos, eu a abrir-te a boca com a minha mão, que mordias e chupavas, eu a lamber-te a boca, a cara, a minha própria mão, eu a querer que voltássemos ao passo anterior, agora molto moderatto, quase sostenuto, eu a contrair os músculos da cona à volta da tua piça rija como um roble, seguindo uma pauta muito pessoal, tu a ficares louco, eu a engolir os gritos, eu a sentir uma onda de calor insuportável, deliciosa, até me palpitar no rosto esbraseado, eu a pedir que parássemos um pouco para podermos gozar o meu orgasmo. Tu a fechares os olhos para te concentrares, tu a dizeres para eu ficar quieta mais um pouco se não vinhas-te, tu a dizeres-me «Que tusa me dás, puta», os ocupantes do automóvel já longe, tu a voltares à carga, com uma voracidade, uma energia inverosímil, tu a pedires-me «Desce, volta-te contra a parede», eu a obedecer-te de imediato por ser também vontade minha, eu a abrir as nádegas e a pedir-te que aí roçasses a piça, eu toda molhada, eu a dizer-te «Agora entra e fode, fode, até estares perto do fim», tu a surpreenderes-me com a tua perícia, eu a vir-me outra vez, tu a avisares-me «Não posso mais», eu a pedir-te «Tira e enche-me o rego de esporra», tu a tomares os cuidados para me satisfazeres plenamente a vontade, eu a sentir o teu leite morno, tu a arfar, nós escorrentes de suor quais cavalos em fuga desabrida.

Recompusemo-nos, tu disseste:

— Olha, afinal há ali uma câmara.

— Que se fodam, que se inspirem...

4 comentários :

  1. hummmmm... que texto magnifico ;)

    bj doce

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  2. Uma situação e uma ainda melhor descrição da mesma.
    Gostei e muito.
    Algumas, não tão interessantes como esta já tive, mas...
    Nunca me passaram assim um papelinho.
    Talvez um dia...

    Beijos

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