sexta-feira, 18 de julho de 2014

And the Oscaralho goes to...

Méssaline gosta de cinema. Pelas voltas dos enredos, o escuro das salas, ambiente para subtis jogos de mãos, pela oportunidade de regalar o olho com alguns expoentes máximos da beleza masculina. Às vezes, fica tão atordoada com os vigores da musculatura, a solidez do ventre, as colunas das pernas, o langor ou a investida do olhar, a polpa dos lábios, os sorrisos solares... uffff... que, findo o filme, fica a pasmar para a ficha técnica, até que a penetrem afinidades entre os nomes e as coisas, brotando óbvios trocadilhos, obtusos trocadalhos.

Ocorre a Méssaline um elenco luxurioso, talvez para um documentário, uma vez que alguns deles já partiram. («Morrem cedo aqueles a quem as deusas mamam...»)

Como preliminar, em jeito de trombeta do Aporcalhipse, um primeiro plano com o Pau Newman, depois, uma cena com o Brad a comer Pitto, muito joliment, seguido de um primeiro plano incidente — e reincidente — no apelido do Sean Pénnis, e, por enlace homónimo, chamar o outro Sean, o Connary que, se assim se chama, nobres serviços deve prestar à causa. (De passagem, é justo que se afirme a qualidade de vinho do Porto que este senhor exibiu...)

Para incitar as espectadoras a conceber belle giornate particolari com o amante italiano que lateja na cabeça de toda a mulher de inclinação fantasiosa, incluir uma cena, trágica ou cómica, tanto faz, que o varão transpira talento por todos os poros, com Marcello Marturbanni. Prosseguir com a câmara a passear sobre aquele palminho de cara do Alain Delong, em que apetece dar beijinhos até ele chamar pela mãezinha; pedir ao Johnny que se deixe de fantasias alicinas e chocolácticas e que venha mesmo deep, deep e ao Roger, more, MORE!, zero-zero-setamente, e sem vírgulas centesimais!


And lust not least, o homem que Marilyn Monroe considerou o mais sexy do mundo. Deixemos o mau feitio do moço e o que o tempo fez ao corpo do homem, que não são chamados a esta colação. Concentremo-nos nas performances até ao Último tango em Paris, hímnico canto do cisne.

Detenhamo-nos no pedaço de perdição daqueles lábios distendidos em permanente oferecimento, no olhar que apetece tomar todo de uma vez, mas que permanece longínquo, incapturável, na voz indolente, rouca, e sonhemos com todos os marlons sussurrando brandas palavras, longos polissílabos, que ampliam uma música ex-po-nen-ci-al-men-te túsica da língua.

Vai para ele o Oscaralho desta edição!

7 comentários :

  1. Respostas
    1. Méssaline pecaria com ele, ai isso pecaria...;-)
      Bisou

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  2. Acompanho teu blog, todo dia e com muita alegria.
    Imaginação perfeita... muito bem escrito, delícia de blog cheio de tesão.... parabéns....!!!
    Adorei "les jeux de paroles"... Méssaline Salope (Méssaline Cachorra!), com Sá Lopes...
    Genial...

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  3. O Marlon foi uma boa escolha para o "I Oscaralho" da Academia Cochonneries!
    ;)
    Beijo

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    1. Méssaline ne fait que des bons choix, Nuno! :)

      Estes Oscaralhos são, por assim dizer, os meus Salo'Prix

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    2. Hihihihi, ocorreu-me uma ideia.
      Vou trabalhá-la... :p

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