quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A rapariga do sautoir

Subias o Chiado e olhavas para todas as passantes, cheio de vontade de desenferrujar o malho maltratado pela penúria da província. De súbito, debaixo de uma arcada, a subir uma escada, viste uma nuca que se inclinava muito para trás para ver melhor a rua. Reparaste nos olhos muito delineados, na boca-coração, no cabelo à la garçonne, num longo colar de pérolas brancas que aquela rapariga enrolava nos dedos, olhando para ti. Desapareceu pelas escadas, tu estacaste, disposto a esperar até ao outro dia para a reveres. As longas horas deram para que cravasses toda a imaginação numa foda com ela. Imaginavas alguns pormenores, mas mesmo em modo vago, o pau inchava-te sem remédio. Chegaste a pensar ir aliviá-lo numa casa de banho ou com alguma das putas que passavam e se te ofereciam.

Ouviste uns tacões e a piça sentiu um solavanco que quase se vinha. Sim, era ela. Fechara a porta à chave, descia as escadas e, rindo alto, vinha de braço dado com um felizardo qualquer. Olhaste-a, ela viu-te. Reparaste no colar de pérolas que desta vez estava solto e balançava muito acompanhando o passo dançante do corpo. E ela ria, ria muito e olhava-te.

No dia seguinte, lá estavas tu: coração e piça aos pulos. Bateste à porta. Ela veio a correr, apenas com um cache-cœur e com o colar. Ficou embaraçada. Disse-te que estava ocupada, que esperasses um pouco... se fazias muita questão. Claro que esperavas o que fosse preciso. Ouvia-la rir e isso excitava-te ainda mais. Precisavas de te distrair para aguentar a dor no nabo reteso.

A certa altura, silêncio e daí a pouco a voz dela, certa de que tinhas ficado à espera: «Podes entrar». Galgaste as escadas e deste contigo num quarto espaçoso, nitidamente preparado para a função. Espelhos, sofá lânguido, lençóis desfeitos. Ela estava nua, mas tinha o colar e chamou-te. Desapertou-te as calças e mamou-te supinamente. Enrolou o colar à volta do teu pau e engoliu-o assim, fazendo deslizar suavemente as fiadas de pérolas. Deitada de costas, enrolou o colar à volta das mamas e convidou-te a seres imaginativo. Foi mamilo entre as pérolas, pérolas a rolar sobre o peito, uma confusão que se ordenava logo que se pegava numa ponta do colar. A certa altura, ela meteu as pérolas todas na boca e começou a tirá-lo lentamente, enchendo-as de saliva. Perguntou-te se querias que as metesse na cona. Nem sabias o que querias. Querias era ver e evitar afogares aquelas pérolas todas com o teu desassossego leitoso. Ela meteu parcialmente o colar na sua gruta e ordenou-te: «Ó meu caçador de ostras, vem aqui colher as pérolas». Obedeceste e nem sabias já que pérolas sugavas. Ainda bem aberta, pediu-te que entrasses no meio do colar. Quando o fizeste, bem fundo, ela indicou o início do vaivém fazendo uma anilha de pérolas cruzada sobre o teu caralho incrédulo. Sentiste um ligeiro aperto que te chegou à raiz do escroto e ia tudo acabando ali. Ela percebeu e parou um momento. Virou-se de costas e estendeu o colar no vale entre nádegas. Pediu que o fizesses resvalar lentamente, completamente, de uma ponta à outra.

— Mais depressa, mais, agora, enfia-me essa verga rija no meio do colar até à cona e não pares até eu me vir.

A custo satisfizeste os desejos da tua Louise Brooks, e sentiste um aperto na piça, uma onda que lhe subiu da cona pelo ventre até ao rosto que se afogueou.

— Quero mais — pediu-te ainda ofegante e esbraseada. — Repete o número, mas no cu.

E levantou a garupa exibindo-te a geografia para que te orientasses. Montaste-a incitado pelos seus gemidos, gritos e perguntas retóricas: «Gostas de foder com pérolas, gostas?» «Agora dá-me o teu nácar nas mamas».

Ó pedido divino, mesmo na hora! Viraste-a, ergueste a membro e deste-lho em repuxo, intermitente: pérolas sobre pérolas.

Dois dias depois, voltaste para mais uma sessão. Mas ela estava ocupada. Havia mais caçadores de ostras. Marcou-te rendez-vous para dali a uma semana.

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