sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Voyage, voyage (8):
(h)Eros, bibere a me

(parte 7)


Deixo o general e a Messalina de outrora a posarem para o estatuário e entrego-me ao engenho e arte cunnilinguíca do Marcello.

Inicia o prefácio com uma frase de surpresa e agrado: «Humm, come sei lubrificata!» Segue com outra soprada, e as pétalas da orquídea abrem-se àquele suave e quente zéfiro. Depois, um período de metáforas, tiráforas, metonímias, tironímias, em regime redundante quantum satis. Toda esta retórica da língua esporeia o animus conal, abrindo mais, molhando mais — já me sinto no céu... da boca dele — é a abertura do Acto I, a busca da pérola que, uma vez encontrada, há-de ser tratada a toques, escorregamentos, leves e breves sucções, tudo feito com empenhada aplicação. Entusiasmo-me, fricciono a cona sobre a sua boca, percebo que precisa de ar, paro, até porque também me sinto entontecida. Encerra o acto passando os lábios ora numa ora noutra face interna das coxas, com uma brandura e um tempo musicais. Eu quero passar de imediato para o Acto II, que me penetre até ao fim, até ao fundo, sentir o tronco da piça subir-me ou descer-me — nem sei onde estou, como estou. Mas ele, detém-me:

— Aspetta, aspetta un po di piu!

Abre o acto seguinte com um ballet de dedos, primeiro em pontas, depois em movimentos mais incisivos, insiste quando sente as minhas preferências. Vai perguntando se gosto e de que gosto mais. Aturdida, respondo em monossílabos. Peço-lhe que me agarre a cona toda com a mão, que ma aperte entre os dedos, para que a sinta palpitante como um animal vivo, que me morda os dois lábios ao mesmo tempo, para o que é preciso perícia, mas estou perante um mestre dos verdadeiros. Exorto-o para que mo faça até ao limiar da dor de que lhe darei sinal e... venho-me na sua boca... Todo ele é uma personificação, uma aleg(o)ria da tusa pura. Ah, quero fodê-lo até se vir. Sento-me nele, sentindo-lhe cada cen-tí-me-tro. Aaaaaah! Cavalgo-o com uma volúpia a percorrer-me as veias, a desaguar-me nas mãos até as deixar dormentes.

Se, quanto ao epílogo, melhor é experimentá-lo que contá-lo, quanto à repetição dos actos ao longo dos dias com o Marcello...

Não se enrede o enredo neles
que sentidos são ainda eles
só de revivê-los
ai, pecadores!

2 comentários :

  1. De tanto Eros te beber.... fiquei com sede de ti....Méssaline deliciosa.....

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